Segundo denunciou hoje à agência de notícias espanhola EFE Khaled Drareni, diretor da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) para o Norte de África, os enviados Quentin Müller e Thérèse di Campo foram detidos às 03:00 no hotel de Casablanca onde se encontravam, por cerca de dez agentes que lhes disseram que tinham de abandonar o país.

Os dois jornalistas foram levados para o aeroporto da cidade e, embora inicialmente as autoridades marroquinas pretendessem enviá-los para França num voo para Marselha, disse Drareni, acabaram por embarcar num avião para Paris, depois de ambos terem recusado, uma vez que nenhum deles vive na cidade situada no sul do país.

Durante a estada em Marrocos, os dois jornalistas estiveram em contacto com membros da oposição e sentiram-se vigiados pelos serviços de segurança do regime alauita.

Na conta pessoal na rede social X (antigo Twitter), Müller afirmou que foram detidos por dez homens à civil, que os expulsaram do país “sem qualquer explicação”, o que “diz muito sobre o ambiente repressivo em Marrocos”.

“Esta detenção é puramente política”, lamentou o repórter, especializado na cobertura de uma vasta área do Médio Oriente e do mundo árabe, que afirmou estar a trabalhar “sobre a violência económica, social e das liberdades do regime marroquino, movido pela omnipotência do rei, da sua corte e dos seus serviços de segurança ultra repressivos”.

Muller avançou que será publicada em breve uma longa investigação sobre Mohammed VI, a respetiva corte e serviços de segurança com base nas “informações exclusivas” que recolheu e que “retratam um regime cada vez mais duro, assustado com qualquer impulso de contestação local”.

Para o jornalista, a nacionalidade francesa e a de Di Campo salvaram-nos.

“Nós fomos expulsos [de Marrocos]. Mas vários jornalistas corajosos e talentosos estão a apodrecer na prisão, falsamente acusados de violação ou intimidados por métodos deploráveis”, afiançou.

O diretor dos RSF sublinhou que o que aconteceu aos dois jornalistas é “inaceitável” porque viola a liberdade da imprensa.

Para Drareni, a decisão de Marrocos é “arbitrária” e constitui “um perigo para a liberdade de imprensa” no país.