A campanha de Salomé Castanheira, candidata pelo CDS-PP à União de Freguesias de Águeda e de Borralha, desde este fim de semana que deixou de falar exclusivamente aos eleitores do seu círculo. A pouco menos de quatro meses das autárquicas, à semelhança de outras campanhas, a de Salomé chegou à Internet, mais propriamente às redes sociais – se ainda for permitido dizê-lo sem soar redundante. E como agora é moda, o seu sucesso mede-se por um termo: tornou-se viral. Ainda antes de ir às urnas foi escrutinada pelos internautas, que parecem ter ficado confusos com o seu propósito. Salomé, a própria, falou com o SAPO24 e explicou o conceito: “tudo começa nas pessoas”.
“... mas podes chamar-me Salomé”
A campanha que se tornou viral é composta por 15 outdoors, cada um tem um rosto diferente e um nome. Nove masculinos e seis femininos. Ainda não estão todos pelas ruas, mas já circulam pelo mural de muitas contas das redes sociais. Ao SAPO24, a candidata mostra-se surpreendida com o fenómeno de popularidade.
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"Sendo uma campanha que sabemos que é arriscada...", começa por dizer. "Considero". Pausa. Da primeira pessoa do singular passa para a primeira do plural. "Nós consideramos [que é] inovadora, criativa e fora da caixa", diz. "Já estávamos à espera que se tornasse alvo de atenção, mas nunca pensámos é que tomasse este tipo de proporções", assume. "Sabíamos que, pelo menos, aqui em Águeda, as pessoas iam falar dela e que se iam questionar sobre o que é que quer dizer", e esse era o objetivo. Mas a campanha ultrapassou o concelho e "tomou proporções que nunca antes nos passaram pela cabeça". "Isto é só uma candidatura a uma junta de freguesia", salienta em tom divertido.
E quem são estas pessoas que aparecem nos materiais de campanha? "São pessoas ativas na comunidade", diz Salomé. "São boa gente", remata. Explica ainda a candidata que a maior parte destes rostos não tem nada a ver com o partido, são pessoas "absolutamente independentes que se revêm na candidatura, na pessoa e na equipa".
A estratégia estava definida deste o início. “Sabíamos que queríamos fazer uma campanha de proximidade, centrando a campanha nas pessoas”, ressalvou. “O objetivo é o de fazer com que as pessoas se sintam representadas numa só”. Em si, na Salomé. Para além disso, a candidata e a sua equipa querem que “esta campanha seja uma narrativa que se vai desenrolando ao longo do tempo”.
De Águeda para as caixas de comentários, a candidata não passou ao lado do “buzz” que as imagens têm gerado. “Andei atenta estes dias às redes sociais”, diz. Entre o que leu, destaca os comentários que dizem que a campanha não passa uma mensagem. Porém, diz, “Águeda tem pelo menos uma certeza: a Salomé Castanheira é candidata”.
"Enquanto candidata estou sempre preparada para receber ataques", diz. No entanto, acredita que muitos dos que viram a campanha não "pararam para pensar" e "partiram logo para o ataque".
Entre as reações, há alguns aspetos que a preocupam e deixam triste. Nomeadamente ataques aos intervenientes, e que incluem, conta, piadas sexistas. "Não estou a falar de graçolas que os homens possam ter ouvido pelo facto de dizerem que podem chamar-lhes pelo nome de uma mulher. As mulheres foram alvo de críticas, quer pelos nomes, quer pelas roupas, pela postura, pelos cabelos. Isso preocupou-me”. A candidata confessa ainda que esses ataques foram feitos com o intuito de “ferir”, “magoar” e até “humilhar” aqueles que com ela colaboraram. “Elas não são candidatas a nada, vieram de coração aberto para apoiar-me porque se reveem no processo. Vou-lhes agradecer eternamente por aquilo que fizeram”, rematou.
No seu caso, conta, “já estava preparada para receber piadas”. “Eu rio-me de mim própria, portanto eu nisso estou muito à vontade”, brinca. “E quem se ri de si próprio, também se pode rir dos outros e tem de estar preparado para que os outros se riam de si”, remata.
Afinal, quem é a Salomé?
Salomé Castanheira, 33 anos, natural de Águeda, é jornalista de formação - passou pelos dois canais privados, SIC e TVI, e por alguns jornais regionais, como o extinto jornal Litoral Centro – e tem uma tem pós-graduação em Marketing. De momento é “empresária no ramo da construção” e, há vários anos, “professora de música nas primárias de Anadia, uma atividade que mantém em exercício pela paixão ao ensino e às artes”, como pode ler-se num perfil que nos enviou.
Prefere dizer que tem tido "uma intervenção associativa" porque "politicamente ativos somos todos um bocadinho". E no que ao associativismo diz respeito, o seu currículo é vasto e diversificado. Da cultura ao desporto, entre outros cargos, Salomé já foi presidente de uma banda filarmónica, a Banda Alvarense; já foi diretora do Recreio Desportivo de Águeda, clube que está neste momento no Campeonato de Portugal; e fez parte dos órgãos sociais da Associação de Futebol de Aveiro. Atualmente, é presidente da Assembleia Geral da Associação Fanfarra Káustika.
Esta é a primeira vez que se candidata a um cargo político, nunca militou ou pertenceu a um partido. "Já estive do outro lado. Agora é a primeira vez que estou deste", partilha connosco. Nas últimas eleições autárquicas foi assessora em duas campanhas.
Candidata pelo CDS-PP à União de Freguesias de Águeda e de Borralha, “a primeira mulher a enfrentar o desafio”, diz ser “independente”. "Isto é uma candidatura autárquica" e, Salomé que se revê nas pessoas e na equipa do CDS-PP de Águeda, diz não se sentir presa a questões partidárias. Embora, frisa, "não tenho nada contra o partido".
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