“O [ministro da Saúde] Dr. Manuel Pizarro infelizmente está a empurrar o país para uma tragédia anunciada onde podem acontecer mortes, onde podem acontecer outras tragédias e a responsabilidade é inteiramente do Governo se nada fizer ou não incorporar o que os médicos têm neste processo negocial”, acusou a presidente da Fnam, Joana Bordalo e Sá, no final de uma reunião de urgência do Fórum Médico no Porto.
Em declarações aos jornalistas no final da mesma reunião, o presidente do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) alertou que a três dias de nova reunião com o Governo, marcada para quinta-feira, os sindicatos ainda não conhecem a proposta do executivo e que apesar de alguma abertura “há ainda um oceano a separar as duas partes”.
“Estamos muitíssimo preocupados com o desenvolver da situação, houve, de facto, naquela reunião [na quinta-feira entre o ministro da Saúde e os sindicatos dos médicos], alguma abertura mas ainda nos separa um oceano para chegarmos a um eventual acordo”, disse Jorge Roque da Cunha.
Para o sindicalista, “não basta o Governo anunciar uma proposta, é preciso que haja medidas concretas em relação àquilo que é anunciado por parte do Governo. Estamos a três dias da reunião e ainda não temos os documentos concretos”, criticou.
Também a Fnam, que marcou uma greve para terça e quarta-feira, criticou o Governo por ainda não ter dado a conhecer as propostas que leva para a reunião de quinta-feira sobre a situação dos médicos no Serviço Nacional de Saúde.
“Em relação ao que se vai passar é uma incógnita. Até agora ainda não chegou nenhuma proposta por escrito diferente da que nos foi feita na quinta-feira, em que simplesmente nos apresentaram umas projeções do que poderia ser uma grelha salarial diferente”, disse Joana Bordalo e Sá.
Segundo explicou, a proposta do Governo apresentada no final da ultima reunião com o Governo “está cheia de desigualdades”.
“É diferente para um médico hospitalar e para um médico de família e nem sequer contempla os médicos de saúde pública. É diferente para um médico hospitalar que faz urgência e para outro que não faz urgência, é diferente para os médicos internos, não contempla os médicos mais antigos”, descreveu.
Segundo Joana Bordalo e Sá, a Fnam quer uma proposta por escrito e quer “conhecer o que o Governo resolveu legislar unilateralmente em Conselhos de Ministros sobre o novo regime de dedicação plena e a questão das Unidades de Saúde familiar”.
“Escolheram não ouvir os sindicatos médicos e não incorporar as sugestões que a Fnam tinha para ambas as matérias (…). Sem conhecermos estes documentos e nenhuma proposta completa relativamente às grelhas salariais e às nossas condições de trabalho, vai ser muito difícil que na quinta-feira se consiga chegar a um acordo, embora tenhamos a expectativa de que haja uma abertura e que isso se concretize em papel”, alertou a presidente da Fnam.
No Fórum Médico estiveram hoje reunidos representantes da Ordem dos Médicos, Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, Federação Nacional dos Médicos, Sindicato Independente dos Médicos, Associação dos Médicos Portugueses da Indústria Farmacêutica, Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, Federação Portuguesa das Sociedades Científicas Médicas, Associação Portuguesa dos Médicos de Carreira Hospitalar e Associação Nacional de Estudantes de Medicina, como observador convidado.
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