Em comunicado enviado hoje à agência Lusa, o Conselho Sub-regional de Portalegre da OM disse ter tido conhecimento de que “todos os elementos do Serviço de Cirurgia Geral” daquele hospital “apresentaram a sua indisponibilidade para realizar mais horas extraordinárias no ano de 2023”.
Fonte deste conselho sub-regional da OM precisou à Lusa que a medida abrange “os 18 médicos” do Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Dr. José Maria Grande, em Portalegre, pertencente à Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA).
Já no Hospital de Santa Luzia, em Elvas, no mesmo distrito e igualmente pertencente à ULSNA, existem “perto de 10 médicos de cirurgia geral”, os quais ”não apresentaram a sua indisponibilidade para mais horas extraordinárias”
Os cirurgiões de Portalegre deixaram de fazer mais horas extraordinárias desde o último sábado, pode ler-se no comunicado da OM, que argumentou que esta recusa se traduziu “num forte constrangimento no Serviço de Urgência” do hospital.
“Especificamente para doentes que necessitem de observação pela especialidade de Cirurgia Geral, levando forçosamente à transferência de muitos doentes para outras unidades hospitalares”, alegou.
Contactada hoje pela Lusa e numa resposta enviada por escrito, a ULSNA afirmou que o respetivo conselho de administração “não tem nenhum comentário a fazer sobre o direito que assiste a estes médicos” que apresentaram a sua indisponibilidade para realizar mais horas extraordinárias.
“O Serviço de Urgência na ULSNA é sempre assegurado, na área da Cirurgia, por um médico”, referiu a mesma entidade.
O porta-voz da ULSNA, Ilídio Pinto Cardoso, precisou à Lusa que, neste caso, esse médico que assegura as urgências de cirurgia geral está no hospital de Elvas.
“O doente que chegar à triagem no hospital de Portalegre é avaliado e, caso se entenda que é da área de cirurgia, é transferido para Elvas”, afirmou o mesmo porta-voz, frisando, contudo, que os médicos de cirurgia interna no hospital de Portalegre “não fazem horas extraordinárias, mas continuam a fazer cirurgias programadas, a ver doentes internados e a realizar consultas”.
No esclarecimento enviado à Lusa, a ULSNA realçou precisamente isso: “Não há alteração de cirurgias programadas ou de consultas. Em caso de constrangimentos ou outros, a ULSNA resolve em rede com os seus recursos ou os da região”.
Já a OM esclareceu que os médicos de Portalegre avançaram com esta recusa às horas extraordinárias até final do ano, não só em solidariedade para com colegas do país na mesma situação, mas porque alegam já ter ultrapassado “há muito as 150 horas extraordinárias, tendo todos eles muitas centenas e até cerca de mil horas extraordinárias realizadas até à data”.
“Consideramos importante informar a população do distrito de Portalegre para a eventualidade desta limitação no Serviço de Urgência, devendo procurar outra unidade hospitalar nos dias de constrangimento, seguindo as instruções das autoridades”, avisou OM, apelando ao Governo para “um esforço negocial efetivo que leve a uma aproximação das exigências sindicais”, que acabe com “tomadas de posição unilaterais” e contribua para “desbloquear esta situação”.
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