Numa audição na Comissão de Orçamento e Finanças, no âmbito do Orçamento do Estado para 2023 (OE2023), Alexandre Simões, deputado do PSD, fez referência às notícias do teor de um livro do ex-governador do Banco de Portugal Carlos Costa de que terá sido pressionado para não retirar Isabel dos Santos do BIC.
O deputado social-democrata considerou que tal “não surpreende, conhecendo qual é” a posição do Governo “relativa à autonomia dos reguladores”.
Em tom irónico, Fernando Medina afirmou “assistir com um certo sorriso” à intervenção do parlamentar do PSD.
“Para um partido que atacou de forma tão indigna e tão imprópria a nomeação do governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, vejo-o agora com o mesmo empenho a proteger as instituições e reguladores da tentativa de intromissão permanente e regular do Governo da República”, ripostou, mais uma vez, de forma irónica.
“Como os excessos dos dois lados estão ambos errados, a conclusão é de que é mais um problema do PSD do que um problema do país”, disse.
O primeiro-ministro admitiu esta quinta-feira processar o ex-governador do Banco de Portugal Carlos Costa por ofensa à sua honra.
"A única coisa que eu posso dizer é que, como é sabido, através do Observador, foram proferidas pelo doutor Carlos Costa declarações que são ofensivas da minha honra, do meu bom nome e da minha consideração”, declarou o líder socialista.
O líder do executivo disse que contactou Carlos Costa e o ex-governador do Banco de Portugal “não se retratou nem pediu desculpas”.
“E, portanto, constituí como meu advogado o doutor Manuel Magalhães e Silva, que adotará os procedimentos adequados contra o doutor Carlos Costa, para defesa do meu bom nome, da minha honra e consideração. É a justiça também a funcionar", acrescentou.
Também esta quinta-feira, o vice-presidente do PSD António Leitão Amaro já tinha desafiado o primeiro-ministro a esclarecer “se e porquê interferiu” junto do Banco de Portugal para “manter intocável Isabel dos Santos”.
O Chega já anunciou que irá pedir a audição do antigo governador do Banco de Portugal para esclarecer se o primeiro-ministro tentou proteger a empresária angolana Isabel dos Santos, tendo contactado o PSD para constituir uma comissão de inquérito.
A deputada do PAN, Inês de Sousa Real, também afirmou que, a comprovar-se a interferência, “é evidente que é grave” e “sendo grave, o senhor primeiro-ministro vai ter de vir prestar esclarecimentos ao país sobre o assunto”.
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