Questionado pelos jornalistas à chegada à reunião pública do executivo, que decorre esta tarde nos Paços do Concelho, Medina disse que "foram realizadas [buscas], como é público".

Segundo o socialista, as buscas "não tiveram como objeto diretamente a Câmara Municipal de Lisboa, mas um processo mais vasto".

"A investigação, como é público, está centrada sobre um objeto externo à Câmara Municipal de Lisboa e, no âmbito dessa operação mais global, houve a vontade de haver a recolha de elementos e informações que a Câmara de Lisboa tinha. Foi isso que nós fizemos, cumprindo a nossa obrigação", considerou.

Medina apontou que assim irá continuar a fazer, "para o apuramento da verdade, da justiça e a correta utilização de todos os meios públicos".

Questionado sobre se tem receio de que o município possa vir a estar na mira das autoridades, o presidente da Câmara da capital foi taxativo: "Não tenho receio rigorosamente de nada".

"No nosso país, cada instituição cumpre a sua função, funciona. E a nossa obrigação é colaborar com a justiça em tudo aquilo que pudermos ajudar para o apuramento da verdade e da justiça", salientou.

Entretanto, a revista Sábado publicou na edição ‘online’ que os gabinetes de Medina, do vereador Manuel Salgado (Urbanismo) e do vice-presidente Duarte Cordeiro também foram alvo das buscas por parte da Polícia Judiciária (PJ).

Segundo o 'site', existem suspeitas de crimes de "corrupção passiva, tráfico de influência, participação económica em negócio e financiamento proibido", e foram recolhidos elementos relativos a um "contrato-programa com o Belenenses para a construção de um Rugby Park e cópias de despachos de nomeações e contratação de assessores externos".

Num comunicado enviado às redações pouco depois das declarações do presidente aos jornalistas, a Câmara de Lisboa, através da sua secretaria-geral, referiu que "decorreram esta manhã buscas nas instalações da Câmara Municipal de Lisboa, no âmbito de inquérito promovido pelo Ministério Público".

"No âmbito destas diligências, que não se afiguram centradas na atividade da autarquia, a Câmara Municipal de Lisboa manifestou total disponibilidade e colaboração com as autoridades competentes, tendo facultado o acesso a toda a informação e documentação solicitada", lê-se na nota.

A Polícia Judiciária (PJ) realizou hoje cerca de 70 buscas, incluindo a autarquias, sociedades e instalações partidárias, no continente e no arquipélago dos Açores, segundo a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL), adiantando estarem em causa crimes económicos, como corrupção.

No âmbito deste inquérito investigam-se crimes de corrupção passiva, tráfico de influência, participação económica em negócio e financiamento proibido.

Algumas das buscas ocorreram na concelhia de Lisboa do PS, na distrital de Lisboa do PSD e em três juntas de freguesia da capital, confirmaram hoje de manhã à agência Lusa fontes partidárias.

Fonte oficial do PS confirmou que a PJ e o MP se deslocaram esta manhã à sede do partido e à concelhia de Lisboa.

"O PS colaborou em tudo o que lhe foi solicitado pelas autoridades", referiu fonte oficial dos socialistas.

Fonte do PSD disse à Lusa que houve buscas na distrital de Lisboa e nas juntas de freguesia de Santo António, Estrela e Areeiro. Segundo a mesma fonte, estão em investigação alegados “favorecimentos a militantes” do partido, “através de ajustes diretos”, para a contratação de pessoal e a adjudicação de serviços a empresas ligadas ou controladas por dirigentes políticos do partido.

O presidente da Junta de Freguesia de Santo António, Vasco Morgado (PSD), disse à Lusa, pelas 12:00, que não tinha chegado nenhum inspetor da PJ à autarquia.

A Junta de Freguesia do Areeiro confirmou a ocorrência de buscas e ainda não foi possível obter informação da Junta de Freguesia da Estrela.

Entretanto, a Junta de Freguesia do Parque das Nações, indica pela Sábado como um dos locais abrangidos na operação, confirmou a existência de buscas.