Outra ativista sugeriu que Verzilov foi atacado por estar a investigar a morte de jornalistas russos na República Centro-Africana.
Verzilov tem estado internado no hospital berlinense Charité, desde que chegou de Moscovo, onde recebeu os primeiros tratamentos.
Através da rede social Twitter, Verzilov escreveu que só recuperou a consciência plenamente há três dias, depois de ter estado num “buraco negro” nos anteriores 12 dias. Acrescentou que “passou dias na grande companhia de venenos maravilhosos”.
Os médicos alemães que estão a tratar Verzilov afirmaram que as notícias de que tinha sido envenenado eram “muito plausíveis”, mas sublinharam que não podiam dizer como tinha ocorrido ou quem tinha sido responsável.
Verzilov e três outros membros do grupo Pussy Riot foram detidos durante 15 dias na Federação Russa por terem invadido o terreno do jogo da final do Campeonato de Mundo de Futebol para protestar contra a violência policial.
Outra ativista das Pussy Riot, Nadezhda Tolokonnikova, disse à AP, depois de regressar de Berlim, que os médicos alemães eram incapazes de determinar o que provocou a doença a Verzilov, porque qualquer possível toxina teria sido retirada do seu corpo durante o tratamento num hospital moscovita.
Tolokonnikova adiantou que acredita que Verzilov pode ter sido envenenado devido ao seu ativismo político, à invasão do terreno de jogo ou à investigação à morte de três jornalistas russos na República Centro-Africana, em julho.
Mikhail Khodorkovsky, um opositor ao presidente russo, Vladimir Putin, que está exilado, mas que financiou o trabalho dos jornalistas russos assassinados, afirmou que estavam a investigar uma empresa de segurança privada russa, designada Wagner, que opera na República Centro-Africana.
Esta empresa de mercenários está ligada a Yevgeny Prigozhin, um empresário de São Petesburgo que tem a alcunha de ‘chef de Putin’, por os seus restaurantes acolherem os jantares de Putin com dirigentes estrangeiros.
A República Centro-Africana caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por vários grupos juntos na designada Séléka (que significa coligação na língua franca local), que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-balaka.
O conflito neste país, com o tamanho da França e uma população que é menos de metade da portuguesa (4,6 milhões), já provocou 700 mil deslocados e 570 mil refugiados e colocou 2,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária.
O governo do Presidente Faustin Touadera, um antigo primeiro-ministro que venceu as presidenciais de 2016, controla cerca de um quinto do território. O resto é dividido por mais de 15 milícias, que, na sua maioria, procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.
Portugal está presente no país desde o início de 2017, no quadro da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA).
No início de setembro, o major-general do Exército Marco Serronha assumiu o cargo de 2.º comandante da MINUSCA.
A que já é a 4.ª Força Nacional Destacada Conjunta, composta por 159 militares, dos quais 156 do Exército, sendo 126 paraquedistas, e três da Força Aérea, iniciou a missão em 05 de setembro.
Portugal também integra a Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana (EUMT-RCA), comandada pelo brigadeiro-general Hermínio Teodoro Maio.
A EUTM-RCA, que está empenhada na reconstrução das forças armadas do país, tem 45 militares portugueses, entre os 170 de 11 nacionalidades que a compõem.
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