Os números de adesão à greve foram avançados ao SAPO24 por Rui Pedro Pinto, dirigente do Sindicato dos Maquinistas no Porto, pelas 12:20 desta segunda-feira. Dos 207 condutores da Metro do Porto, apenas quatro, não sindicalizados, estão ao serviço, num pequeno trajeto. Os trabalhadores reclamam a redução da carga laboral, a alteração na categoria profissional e mais contratações.
Jorge Morgado, diretor de comunicação da Metro do Porto, explicou ao final da manhã ao SAPO24 que a circulação só não esteve totalmente encerrada porque “um ou outro agente de condução não sindicalizado” cumpriu o serviço que tinha escalado na ligação à Fonte do Cuco, em Matosinhos.
A subconcessionária ViaPorto é a empresa responsável pela operação do Metro do Porto e é com ela que os agentes de condução em protesto têm relação laboral. Sobre as negociações com esta empresa, Rui Santos diz que “não houve entendimento”, tendo por isso os trabalhadores avançado para a paralisação.
O dirigente afirma, porém, que “a expectativa é de continuar o diálogo para chegar a um entendimento sobre as matérias que dividem [trabalhadores e empresa]”.
“Nestes últimos anos houve sempre um clima de diálogo e esperamos continuar a ter neste acordo a disponibilidade que houve sempre, no sentido de discutir as matérias que dizem respeito aos maquinistas aqui na Metro na sua relação laboral”, diz Rui Santos.
Em comunicado, a ViaPorto, que detém a subconcessão da Metro desde abril deste ano, diz dispor “dos instrumentos e dos meios resultantes do concurso público e espelhados no atual contrato de subconcessão, tendo sempre cumprido todas as suas responsabilidades laborais”, acrescentando que “tem mantido com os vários sindicatos um diálogo permanente no sentido de alcançar soluções exequíveis que permitam melhorar as condições dos seus trabalhadores”.
“Infelizmente, e no que respeita ao Sindicato Nacional dos Maquinistas Portugueses, que lançou um pré- aviso de greve para hoje, dia 10 de dezembro de 2018, tal diálogo não conduziu a um desfecho favorável aos trabalhadores, porque o [Sindicato dos Maquinistas] apresentou um conjunto de reivindicações impossíveis de satisfazer (e nunca antes exigidas) face aos instrumentos e aos meios de que a ViaPorto dispõe, e que, caso fossem executados, conduziriam à inviabilidade da empresa”, acrescenta.
A ViaPorto diz lamentar que o Sindicato “não tenha querido encontrar uma solução realista e exequível, prejudicando, com a sua decisão, os milhares de passageiros que diariamente utilizam o Metro do Porto para assegurar a mobilidade que necessitam” e rejeita “qualquer responsabilidade pela anunciada greve” e afirma que “tudo fará para procurar, com os meios ao seu alcance, minimizar o impacto à população”.
"Não é uma empresa nova, não é desconhecedora das nossas pretensões. É a opinião deles e a gente respeita, é lógico", diz Rui Pedro Pinto ao SAPO24, em reação ao comunicado da ViaPorto.
Este é o primeiro de três dias de greve no Metro do Porto. A rede da Metro do Porto conta com seis linhas, servindo sete concelhos da Área Metropolitana do Porto, que estão encerradas desde a meia-noite e até às 06:00 de terça-feira devido a esta paralisação.
“Ninguém quer fazer greves: nem a empresa quer a greve, nem os trabalhadores querem a greve, porque a greve é um protesto, é um marcar de posição de protesto. Portanto, como é óbvio a greve está marcada mas fazemos tudo para fazer um entendimento com a empresa para que no dia 17 as relações estejam normalizadas e estabilizadas”, diz Rui Santos.
“Como é óbvio, os nossos colegas têm expectativas de que algumas matérias sejam definidas. Se assim for, no dia 17 levantaremos o pré-aviso de greve, mas se assim não for, claro, manteremos o nosso protesto”, acrescenta o dirigente sindical.
Em declarações à agência Lusa, esta segunda-feira, Rui Pedro Pinto, dirigente no Sindicato dos Maquinistas diz que "nos últimos oito anos os condutores da Metro do Porto nunca fizeram greve para além das greves gerais".
"Chegámos ao nosso limite. Aguardámos durante dois anos com boa fé, mas agora já passou muito tempo a aceitar as regras da empresa [ViaPorto]“, afirmou Rui Pedro Pinto.
Aquando do anúncio da greve, em 26 de novembro, Rui Pedro Pinto disse que a empresa ViaPorto deverá admitir “uma turma de 12 pessoas, que já está em formação”, mas este é “um número insuficiente”, na medida em que “seriam necessários mais 20 a 30 profissionais”. A redução da carga horária é outra reivindicação que os operadores de condução afetos à Via Porto pretendem ver atendidas.
Rui Pedro Pinto disse na ocasião que o objetivo é reduzir o horário de trabalho semanal das 40 horas para as 37 horas e meia. “Temos um horário excessivo e isso tem-se refletido na saúde dos trabalhadores e no desempenho das suas funções”, sublinhou.
O dirigente sindical apontava ainda a necessidade de mais formação profissional, em falha “desde há oito anos”. Os condutores do Metro do Porto pretendem também que lhes seja atribuída a categoria profissional de maquinista.
A Metro do Porto refere que nove mil pessoas podem ser transportadas por hora em cada linha. Esta é a primeira paralisação em 16 anos de existência da Metro do Porto.
Sobre os dois dias de greve ainda previstos para este ano — 17 e 31 —, o porta-voz da Metro sublinha que a empresa “não é parte negocial no contencioso”, uma vez que os agentes de condução são funcionários da ViaPorto, empresa concessionária da operação e manutenção do serviço.
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