“Preocupa-me que se um país travar uma decisão, como vimos com a entrada da Roménia e da Bulgária no espaço Schengen, se esteja automaticamente a enviar uma mensagem a esse país de que há diferentes tipos de cidadãos, há discriminação, não há igualdade de acesso”, alertou Roberta Metsola, sublinhando que o alargamento da União Europeia (UE) “sempre foi uma história de sucesso geopolítico e, agora, de segurança”.
Numa conferência de imprensa com o presidente da Rada Suprema (parlamento) da Ucrânia, Ruslan Stefanchuk, a responsável defendeu que a UE tem de “cumprir com ações o que prometeu com palavras” e declarou-se confiante em que os Estados-membros consigam ultrapassar as reticências húngaras na cimeira que decorrerá daqui a duas semanas em Bruxelas.
Enquanto se aguarda a posição dos Estados-membros, o Parlamento Europeu já aprovou a revisão das contas da UE até 2027, que incluem 50 mil milhões de euros de ajuda à Ucrânia, e mostrou-se a favor do início das conversações para a sua adesão ao bloco comunitário.
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, ameaça impedir a unanimidade necessária para ambas as decisões e apelou recentemente para uma revisão completa da política da UE em relação à Ucrânia e para que não se tome nenhuma dessas decisões até que se realize um debate estratégico sobre a questão, quando os líderes se reunirem em Bruxelas, em meados de dezembro.
“Temos de continuar a dar apoio à Ucrânia – ajuda militar, em especial (…). Temos de chegar a acordo sobre o financiamento de 50.000 milhões para a Ucrânia o mais rapidamente possível (…) e, como parlamento, desejamos e esperamos uma decisão positiva do Conselho Europeu sobre a abertura das negociações de adesão”, declarou a presidente da assembleia europeia.
Stefanchuk, que se deslocou a Bruxelas para assinar um novo acordo de cooperação entre o seu parlamento e o hemiciclo comunitário, sublinhou que a Ucrânia acaba de adotar novas leis para cumprir as últimas recomendações de Bruxelas sobre o organismo de combate à corrupção ou as minorias no país e instou a que se afaste “qualquer suspeita” de que não estão “prontos para negociar a adesão plena” à UE.
“A Ucrânia continuará a lutar pelos valores e ideais europeus, que são independentes da guerra, porque nós vemos a União Europeia como uma perspetiva importante e estamos gratos pelos passos que hoje demos”, asseverou o presidente do parlamento ucraniano.
Num relatório divulgado no início de novembro, a Comissão Europeia recomendou o início das conversações de adesão com a Ucrânia e a Moldova, bem como com a Bósnia-Herzegovina, assim que estejam cumpridas algumas condições para a entrada como membros de pleno direito.
A decisão cabe agora ao Conselho da UE, na formação de Assuntos Gerais, e deverá ser tomada no dia 12 de dezembro, mas o aval final será dado pelos chefes de Estado e de Governo, que se reúnem em cimeira europeia poucos dias depois, a 14 e 15 de dezembro, em Bruxelas.
A Ucrânia obteve o estatuto de país candidato em meados de 2022, quando se encontrava já em guerra com a Rússia, que iniciou a invasão do seu território a 24 de fevereiro desse ano.
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