"Enviei uma carta ao rei da Espanha para que façam um relato de danos e peçam perdão aos povos originários pelas violações ao que agora se conhece como direitos humanos", anunciou López Obrador num vídeo nas suas páginas oficiais das redes sociais Facebook e Twitter.

Como escreve o El País, a nota, enviada ao ministério dos Negócios Estrangeiros espanhol, cria um ambiente de crispação entre os dois países apenas dois meses depois de Pedro Sánchez, o primeiro-ministro espanhol, ter visitado o país latino-americano.

O governo espanhol já reagiu, rejeitando "com toda firmeza" o pedido de López Obrador.

"A chegada, há 500 anos, dos espanhóis às atuais terras mexicanas não pode ser julgada à luz de considerações contemporâneas", disse o comunicado do governo espanhol.

Madrid "lamenta profundamente" que o presidente mexicano tenha publicado uma carta com este pedido.

"Os nossos irmãos sempre souberam ler o nosso passado compartilhado sem raiva e com uma perspectiva construtiva, como povos livres com uma herança comum e uma projeção extraordinária", acrescentou o governo da Espanha.

A reação oficial de Madrid enfatiza a sua "disposição para trabalhar em conjunto com o governo do México e continuar a construir a estrutura apropriada para intensificar as relações de amizade e cooperação entre os dois países, o que nos permite enfrentar os desafios futuros com uma visão compartilhada".

Este episódio dá-se na véspera de duas importantes efemérides para o México, sendo que uma delas envolve diretamente o estado espanhol. Em 2021 completam-se 500 anos da queda de Tenochtitlán, a capital do império azteca, perante os conquistadores espanhóis e 200 anos da independência do México.

O Governo de López Obrador, avança o diário espanhol, argumenta não será possível haver uma comemoração conjunta se antes não houver uma reconciliação, querendo, por isso, criar um roteiro que leve 2021 a ser o ano “da grande reconciliação entre o México e Espanha”, segundo uma das fontes.