“Há muitos russos que estão silenciosamente horrorizados por verem as suas Forças Armadas a pulverizar cidades ucranianas, a expulsar famílias inocentes das suas casas e a raptar milhares de crianças”, declarou o responsável, citado pelo jornal Financial Times.
Num discurso proferido na residência do embaixador britânico em Praga (República Checa), Richard Moore incitou mais russos a desertar e vincou que a porta do MI6 “está sempre aberta”.
No início de julho, o recrutamento de cidadãos russos descontentes com os acontecimentos na Ucrânia também foi admitido pelo diretor dos serviços de informação norte-americanos CIA, William Burns, que considerou então que este descontentamento proporcionou uma “oportunidade única” e que esta seria aproveitada.
“O descontentamento pela guerra continuará a corroer os dirigentes russos para além da sua propaganda estatal e repressão. Essa adversidade permite uma oportunidade única numa geração para nós, para a CIA, para o nosso serviço de inteligência humano”, afirmou na ocasião Burns durante uma sessão no Reino Unido.
A intervenção em Praga foi a segunda intervenção pública de Moore desde que assumiu o comando do MI6 em 2020.
O chefe dos serviços secretos britânicos afirmou ainda acreditar que a recente rebelião falhada contra as altas patentes da Defesa russa — movimento liderado pelo líder do grupo de mercenários Wagner, Yevgeny Prigozhin – abriu fissuras no Kremlin (Presidência russa) e que guerra está a “desestabilizar” o poder do Presidente Vladimir Putin.
Moore admitiu ter ficado confuso com a forma como a revolta em junho foi travada e qual é estatuto concreto de Prigozhin, afirmando que nem ele é capaz de “ver o interior da cabeça” do Presidente Putin.
“Há coisas que são até um pouco difíceis de interpretar para o chefe do MI6, em termos de quem está dentro e quem está fora”, ironizou.
Ainda assim, Richard Moore considera que os acontecimentos colocaram Putin “sob pressão” e que a saída dos mercenários do Grupo Wagner das linhas da frente na Ucrânia reduziu as hipóteses dos russos no campo de batalha.
Para Moore, a invasão da Ucrânia também teve consequências para alguns dos aliados tradicionais da Rússia, como o Irão, onde alguns dos dirigentes não são favoráveis à continuação do fornecimento de armas a Moscovo.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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