"O novo ministro da República Argentina é o senhor Gerardo Werthein", o até então representante diplomático nos Estados Unidos, escreveu na rede social X o porta-voz da presidência, Manuel Adorni.
Horas antes, na Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque, a Argentina tinha apoiado uma resolução contra o embargo dos Estados Unidos a Cuba, aprovada com 187 votos a favor, dois contra — Estados Unidos e o seu aliado Israel, ambos próximos ao governo de Milei — e uma abstenção, da Moldávia.
O gabinete do presidente emitiu um comunicado que afirma que a Argentina "opõe-se categoricamente à ditadura cubana e manter-se-á firme na promoção de uma política externa que condene todos os regimes que perpetuam a violação dos direitos humanos e das liberdades individuais".
A Argentina "defenderá os mencionados princípios em todos os fóruns internacionais dos quais participa e o poder executivo iniciará uma auditoria do pessoal de carreira do ministério, com o objetivo de identificar promotores de agendas inimigas da liberdade", acrescentou o texto, referindo-se ao facto de que a ministra tinha "apresentado a sua renúncia".
Milei republicou uma publicação de uma deputada que dizia: "Orgulhosa de um governo que não banca e nem é cúmplice de ditadores. Viva #CubaLibre".
A Argentina vota historicamente na ONU contra o embargo económico promovido pelos Estados Unidos à ilha, como fez também nesta ocasião.
A imprensa local informou, citando fontes anónimas do ministério, que não era conveniente para o país pronunciar-se contra Cuba, pois os votos da ilha e dos seus aliados seriam necessários em futuros pedidos ao Reino Unido pela soberania das Ilhas Malvinas.
Milei tinha destituído há duas semanas o embaixador argentino na ONU, Ricardo Lagorio, e enviado uma carta ao corpo diplomático instando-o a alinhar-se com a política externa do governo.
A ministra Mondino "já tinha muita interferência no ministério", disse à AFP o analista político Carlos Fara, que considerou que "é inexplicável que tenha havido falta de coordenação" na votação na ONU e que o destino de Mondino já estava selado no gabinete.
Nos últimos meses, a ex-ministra não participava nas atividades de Milei no exterior, nas quais foi acompanhado pela sua irmã, Karina Milei.
"E ficou claro um facto: Werthein é quem definia a agenda internacional de Milei", apontou Fara.
Werthein, o sucessor de Mondino à frente da diplomacia argentina, é empresário e também vice-presidente do Comité Olímpico Internacional, tendo presidido o Comité Olímpico Argentino entre 2009 e 2021, antes de ser nomeado por Milei embaixador do país sul-americano nos Estados Unidos.
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