“Devolvam-nos a cãs, já!” foi a frase mais ouvida durante o protesto, em que muitos manifestantes se embrulharam na bandeira israelita ou usaram t-shirts com a mesma frase, que se tornou o ‘slogan’ do movimento pela libertação dos reféns.
Segundo os organizadores, cerca de 50.000 pessoas participaram no protesto, que começou solenemente com a projeção de um vídeo que mostrava o momento em que alguns dos 105 reféns libertados durante a única trégua no final de novembro se reuniram com as suas famílias.
Em seguida, um grupo de mulheres – familiares dos reféns – juntou-se no palco para gritar um longo grito, ao qual se juntaram progressivamente os restantes manifestantes.
Alguns abraçaram-se e outros choraram durante o minuto de silêncio para recordar os reféns.
A manifestação ocorre poucos dias depois de mais de 100 mil israelitas terem exigido eleições antecipadas em Jerusalém, num protesto de quatro dias que, pela primeira vez, uniu as forças de familiares dos reféns, ativistas e críticos do Governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
A manifestação de hoje, que se centrou exclusivamente na questão dos reféns, fez eco a essas reivindicações.
“Eu costumava pensar que devíamos estar todos unidos, mas Netanyahu não está a fazer o suficiente”, disse Yuval, que veio de uma cidade perto de Jerusalém para protestar, à EFE.
Yuval, tal como a maioria dos presentes e uma boa parte da sociedade israelita, considera que a comunidade internacional não está a prestar atenção suficiente aos reféns e que só tem olhos para o sofrimento dos habitantes de Gaza, depois de mais de 33.100 pessoas terem morrido no enclave, dois terços das quais mulheres e crianças.
“Toda a gente está a prestar atenção ao sofrimento do povo de Gaza, e eles estão a sofrer, eu compreendo, têm fome e têm más condições, mas tudo começou quando eles vieram e nos fizeram coisas horríveis”, diz o manifestante Tikvah, que veio de Gan Yavne, no centro do país.
Dois reféns libertados durante as tréguas, Itay Regev e Agam Goldstein, falaram durante o evento, descrevendo o medo que ainda sentem e a dificuldade de adaptação.
“O Hamas está a tentar convencer os reféns de que o Estado [de Israel] os abandonou e que ninguém quer um acordo de troca de prisioneiros”, afirmou Regev, acrescentando: “Será verdade? Gostaria de obter uma resposta”.
O Knesset iniciou as suas seis semanas de férias de primavera hoje e Netanyahu tem sido fortemente criticado por paralisar o parlamento, apesar da crise e da guerra no país.
Dos 253 raptados em 07 de outubro, 129 permanecem na Faixa de Gaza, cerca de 30 mortos, segundo Israel, e mais de 70 segundo o Hamas, enquanto outros quatro são mantidos reféns há anos, incluindo dois mortos.
Uma delegação israelita deslocou-se hoje ao Cairo para prosseguir as negociações com o Hamas, segundo o Haaretz, que cita fontes diplomáticas e adverte que os Estados Unidos tencionam apresentar uma nova proposta de acordo sobre os reféns “que exigirá um compromisso significativo tanto de Israel como do Hamas”.
O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas de Israel, Herzl Halevi, disse hoje que o exército vai continuar a trabalhar para trazer os reféns de volta o mais rapidamente possível, e afirmou que o país é “suficientemente forte para suportar o preço a pagar para devolver os seus filhos”.
Cerca de 30 cidades em todo o mundo, incluindo Nova Iorque, Paris, Berlim, Hong Kong e Madrid, juntaram-se ao protesto de hoje.
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