“Tomámos uma decisão importante relacionada com o estabelecimento de uma missão de apoio militar, uma missão de formação militar, para apoio à Ucrânia, que será essencialmente sediada na Alemanha e na Polónia e Portugal também participará, bem como os demais países europeus”, afirmou o chefe da diplomacia portuguesa.
Em declarações aos jornalistas portugueses no final da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, no Luxemburgo, João Gomes Cravinho lembrou que “há novos militares ucranianos que estão a entrar ao serviço e que precisam de formação e haverá também necessidade de formação especializada na utilização de certos tipos de equipamento”.
“Aquilo que se está a prever é a ida de militares ucranianos para a Polónia e para a Alemanha para formação específica, de curta duração”, estipulando-se também “a participação de militares portugueses nessas ações, bem como a participação de militares ucranianos em atividades de formação em Portugal, nomeadamente nos carros de combate”, esta última ação já no âmbito de outra iniciativa bilateral, precisou o governante.
De acordo com João Gomes Cravinho, a UE está agora “em processo de se organizar a missão de formação e o que há, da parte portuguesa, é uma disponibilização” para participar na iniciativa.
“Nos próximos dias, o Ministério da Defesa estará em condições de dar pormenores”, concluiu o chefe da diplomacia portuguesa.
O encontro decorreu numa altura de escalada de tensões na guerra na Ucrânia após recentes ameaças nucleares e novos bombardeamentos russos em série.
Nesta reunião dos ministros europeus dos Negócios Estrangeiros, foi então aprovado um reforço do apoio à Ucrânia, com a adoção formal da missão de formação da UE do exército ucraniano, que se soma à já mobilizada ajuda militar, financeira e humanitária.
Proposta em agosto passado pelo chefe da diplomacia europeia a pedido das forças ucranianas, esta missão teve agora ter ‘luz verde’ para a UE conseguir, em solo europeu, treinar cerca de 15 mil soldados ucranianos, principalmente com formação militar básica.
A ideia é que esta missão de treino para o exército ucraniano avance já nas próximas semanas em países como a Polónia e a Alemanha.
Em junho passado, o Governo português manifestou a disponibilidade de Portugal para dar treino a militares ucranianos.
Num comunicado divulgado no final da reunião, o Conselho da UE apontou que esta Missão de Assistência Militar de apoio à Ucrânia tem como objetivo “contribuir para reforçar a capacidade militar das Forças Armadas ucranianas para conduzir eficazmente operações militares, a fim de permitir à Ucrânia defender a sua integridade territorial dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas, exercer efetivamente a sua soberania e proteger os civis”.
Com uma duração inicial de dois anos e um financiamento de 106,7 milhões de euros, esta missão será destinada à formação individual, coletiva e especializada às forças armadas ucranianas, incluindo as forças de defesa territorial.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou a fuga de milhões de pessoas e a morte de milhares de civis, segundo as Nações Unidas, que classificam esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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