
Em resposta escrita enviada à Lusa, fonte da Procuradoria-Geral da República regista que foi aberto um inquérito no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa.
Sem avançar mais detalhes, a mesma fonte referiu que o inquérito está a decorrer.
Numa nota divulgada na sexta-feira na página de Instagram da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG), o organismo diz ter contactado a plataforma para que retirasse o jogo e “remeteu denúncia ao Ministério Público por comercialização de conteúdo potencialmente enquadrável na propagação de discurso de ódio contra as mulheres, apologia da violência sexual e incitamento à prática de crimes sexuais”.
A CIG agradeceu a todas as pessoas e instituições “que se mobilizaram no dia de ontem [quinta-feira] para denunciar a disponibilização e comercialização, em território nacional, do videojogo intitulado ‘No Mercy’, que promove a violência sexual contra as mulheres”.
“Foi graças à indignação manifestada por inúmeras mulheres e homens nas redes sociais e à atuação de todas as pessoas que acederam à plataforma Steam para denunciar o conteúdo de incitamento ao ódio presente no referido videojogo, que este foi, entretanto, removido e já não se encontra disponível em Portugal”, diz a CIG.
Também na sexta-feira, o Movimento Democrático de Mulheres disse que iria apresentar queixa ao Ministério Público e junto da Comissão para a Igualdade de Género contra os autores do jogo.
O Movimento Democrático de Mulheres considera que o videojogo constitui “uma grave incitação à violência contra as mulheres, normalizando práticas de ódio e discriminação que violam princípios constitucionais e legais fundamentais”.
O jogo deixou de estar disponível na Steam Portugal a partir de sexta-feira, depois de ter sido retirado pela Zerat Games.
O Centro Nacional de Exploração Sexual dos Estados Unidos (NCOSE) pediu na quarta-feira a retirada global do videojogo No Mercy devido a conteúdos “perturbadores”.
O jogo estava na quinta-feira disponível na plataforma portuguesa, por 11,79 euros.
O NCOSE instou a Steam a removê-lo da sua plataforma, alertando que “promove violência sexual explícita, incesto, chantagem e dominação masculina, incentivando explicitamente os jogadores a se envolverem em atos não consensuais e comportamento misógino”.
Apesar de ter retirado o videojogo da Steam, uma das maiores lojas de venda de videojogos em formato digital, a Zerat Games continua a comercializar o título noutras plataformas.
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