Numa resposta enviada à agência Lusa, a Procuradoria-Geral da República (PGR) indica que “os elementos recolhidos deram origem a um inquérito, que se encontra em investigação” e não tem ainda arguidos constituídos.
O inquérito foi aberto depois de, no ano passado, a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, em entrevista à Lusa, ter pedido uma investigação aos contratos de aluguer dos contentores, afirmando que “o nome das empresas [contratadas] muda sistematicamente”, mas “a pessoa é sempre a mesma”.
Na ocasião, Ana Rita Cavaco sublinhou que estão em causa “milhares de euros” gastos por mês.
“Aqueles contentores custam milhares de euros por mês ao Estado. Se calhar já tínhamos construído outro hospital de São João ao longo destes anos com aquele dinheiro. O mais engraçado é olhar para o nome das empresas a quem os contentores são contratualizados. A pessoa é sempre a mesma, mas o nome da empresa muda sistematicamente”, afirmou.
A polémica sobre os contentores instalados no hospital São João surgiu após denúncias de falta de condições de atendimento e tratamento de crianças com doenças oncológicas.
No mês passado, a ministra da Saúde disse no parlamento que o Governo estima que as obras da nova ala pediátrica do hospital de São João comecem no final deste ano ou início de 2020 e que, entretanto, as crianças com doença oncológica deste hospital devem ser realojadas temporariamente a partir de abril em instalações mais adequadas.
As obras da nova ala pediátrica devem arrancar depois da revisão do projeto, que está em curso, sendo que terá ainda de ser preparado o procedimento para a obra por ajuste direto.
Na altura, a ministra Marta Temido estimou que o processo de revisão do projeto esteja concluído em abril e disse que as obras deverão ter uma duração de dois anos.
O inquérito que investiga os contratos de aluguer dos contentores é dirigido pelo Ministério Público do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do Porto, coadjuvado pela Polícia Judiciária.
Segundo o portal da contratação pública, o Centro Hospitalar de São João estabeleceu em 2016 contratos por ajuste direto para “renovação dos serviços de aluguer de contentores” no valor acima de 390 mil euros.
Em 2017, os contratos de aluguer de contentores atingiram cerca de 700 mil euros.
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