Dulce Soares explica que esse é o componente central, na área educativa, do Plano Estratégico de Cooperação Portugal – Timor-Leste para os anos 2018-2022 que deverá ser assinado em breve.
“Queremos essencialmente contar com o apoio de Portugal no reforço da capacitação de professores de e em Língua Portuguesa, quer essa capacitação decorra em Timor-Leste, quer em Portugal”, adiantou em entrevista, por escrito, à Lusa.
Dulce Soares concedeu uma entrevista à Lusa para analisar alguns dos aspetos relacionados com o trabalho do seu Ministério, incluindo a cooperação entre Portugal e Timor-Leste na área educativa.
Entre os principais projetos de cooperação está o dos Centros de Aprendizagem e Formação Escolar (CAFE), que envolve mais de uma centena de professores portugueses em escolas nos 13 municípios.
Trata-se de “uma parceria valiosa e importante para Timor-Leste” em escola onde o português é a língua de instrução desde a educação pré-escolar”, onde “as condições são muito superiores às outras escolas públicas”, em que o rácio de professor-alunos é mais baixo do que nas restantes escolas e o orçamento é superior, explicou.
“Não duvido da qualidade do ensino nessas escolas e valorizo muito o trabalho dos professores portugueses e timorenses”, acrescentou.
“Mas, como qualquer projeto, especialmente aqueles que têm custos elevados, têm de ser feitas avaliações para assegurar o máximo impacto positivo e a efetividade dos gastos. Vamos fazer esforços para proceder a uma avaliação para assegurar que as contribuições de ambos países são aplicadas para o máximo benefício dos alunos timorenses”, afirmou.
No passado, chegou a estar em cima da mesa uma expansão desde projeto – atualmente custa cinco milhões de dólares em 13 escolas -, mas Dulce Soares relembra o elevado custo, para os dois países, em alargar a iniciativa.
“A expansão para os postos administrativos custaria centenas de milhões de dólares. Será que podermos disponibilizar este dinheiro todo? Será que Portugal está disponível para acompanhar esta expansão? E será que Portugal tem professores disponíveis para enviar para cá? São questões que temos de analisar”, declarou.
“Temos de tornar estes projetos sustentáveis e independentes, sem sacrificar a sua qualidade. Portanto, acredito que, a existir uma expansão, terá se ser feito primeiro nestas 13 escolas existentes uma passagem total de responsabilidades dos professores portugueses aos professores timorenses para depois podermos então investir faseadamente nos postos administrativos”, adiantou.
"Não estou a dizer que é isto que vai acontecer. Isto é uma hipótese. Temos todo o ano de 2019 para discutir este assunto e chegarmos, juntamente com Portugal, a uma conclusão sobre como redefinir este projeto”, considerou.
Sobre o projeto Formar +, que coloca professores a dar apoio direto na gestão e ensino nas escolas, Dulce Soares recordou que foi ela que deu origem à iniciativa e que foi já feita uma avaliação interna, cujos resultados não divulgou.
“Mas, não tenho dúvidas de que pretendo que este tipo de projetos continue. A presença de professores portugueses nas escolas é essencial para ajudar a levar a língua portuguesa para as escolas e para incentivar os professores a usarem-na”, defendeu.
“Uma opção que está a ser analisada é a da tendência global em implementar projetos de apoio e mentorização, que é reconhecida como uma das melhores maneiras para produzir mudanças nas práticas pedagógicas”, exemplificou.
O novo desenho do projeto procurará, sustentou, “aproveitar ao máximo a presença dos professores portugueses em Timor-Leste, utilizando-os da melhor forma e assegurando o máximo benefício para os professores” timorenses.
“Queremos ainda maximizar recursos e desenvolver metodologias de ‘mentorização’, de avaliação da melhoria de desempenho das práticas educativas dos nossos professores, como integrar a ‘mentorização’ como formação contínua dos professores e ainda da possibilidade de cobrirmos mais escolas ao mesmo tempo”, concluiu.
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