“Surgiu agora a informação de que, afinal, é preciso mais financiamento. Isto é uma saga muito portuguesa, mas que eu não gosto, e lamento muito que quem autorizou que a dessalinizadora tivesse sido com maior capacidade, não tenha acautelado no PRR o financiamento necessário para que se cobrisse toda essa capacidade”, disse Maria da Graça Carvalho, referindo-se ao anterior Governo do PS.

A governante, que falava aos jornalistas após uma visita à praia do Garrão, em Loulé, onde anunciou investimentos para a proteção do litoral, sublinhou que teria sido mais fácil ter-se acautelado todo o financiamento no início, sendo a verba proveniente do PRR de 56 milhões de euros e o valor total da obra superior a 100 milhões de euros.

“Agora aqui estamos nós para resolver o problema. Com o senhor ministro da Coesão iremos analisar a situação e arranjaremos uma solução”, referiu, adiantando que neste momento há dois candidatos ao concurso internacional para a construção da dessalinizadora, que ficará localizada em Albufeira.

O presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), António Miguel Pina considerou que a parcela em falta poderá vir “ou do Orçamento do Estado ou de afetação de verbas do PRR” e que o Governo pode aproveitar as verbas de outros projetos “que não terão capacidade de serem executados dentro do prazo”.

A estação de dessalinização terá uma capacidade inicial de conversão de água do mar em potável de 16 hectómetros cúbicos, sendo financiada no âmbito do PRR com um investimento de cerca de 50 milhões de euros.

Numa sessão pública, o presidente da AMAL manifestou-se preocupado em relação à possibilidade de a Águas do Algarve, promotora da obra, repercutir o custo da dessalinizadora no tarifário e, nesse caso, diretamente nos consumidores, caso tenha de avançar com fundos próprios.

Na sua visita ao Algarve, Maria da Graça Carvalho disse ainda que no final de agosto o Governo irá reavaliar a situação de seca na região, manifestando esperança de que não sejam necessárias mudanças “muito drásticas”.

A ministra do Ambiente sublinhou que a situação atual é “consideravelmente melhor” do que a registada no ano de 2023 – que foi um “ano difícil” -, devido à chuva que caiu no inverno, sublinhando que outro bom indicador é a poupança de água que se tem registado: 12% em junho e 9% de janeiro a junho deste ano.