“Nós damos toda a atenção quotidiana e estou em permanente contacto com o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, que me vai transmitindo informação à medida que a conhece. A missão é perigosa, já sabíamos que não seria uma missão fácil, mas o desempenho tem sido extraordinário, fora de série”, disse João Gomes Cravinho em declarações à agência Lusa à margem da partida da 8.ª Força Nacional Destacada (FND) para o Iraque.
Portugal está presente na RCA desde o início de 2017, no quadro da MINUSCA.
No início de setembro, o major-general do Exército Marco Serronha assumiu o cargo de 2.º comandante da MINUSCA, que já sofreu 75 mortos desde que foi criada, em 2014.
Aquela que já é a 4.ª Força Nacional Destacada Conjunta no país é composta por cerca de 160 militares e iniciou a missão em 05 de setembro, tendo a função de Força de Reação Rápida (Quick Reaction Force).
Nos últimos dias, os militares portugueses têm estado em Bambari, onde ocorreram confrontos que causaram ferimentos ligeiros num militar.
“Estão em Bambari, a três dias de viagem de Bangui (a capital, a cerca de 400 quilómetros). Têm sido bem acolhidos pela população, que entende a forma como estão a contribuir para a paz e a pacificar uma região dominada por senhores de guerra e que se aproveitam da posse de armas para aterrorizar e extorquir a população”, explicou o ministro.
João Gomes Cravinho afirmou que os militares portugueses vão continuar mais uns dias em Bambari antes de regressarem à capital.
“O contributo que já deram nestas semanas em Bambari é um contributo muito grande para a missão das Nações Unidas”, frisou ainda o governante.
A MINUSCA é comandada pelo tenente-general senegalês Balla Keita, que classificou as forças portuguesas como os seus “Ronaldos”.
“Ronaldo é o melhor jogador do mundo e quando as nossas tropas são classificadas de ‘Ronaldos’ isso tem uma leitura muito clara. Sentimos orgulho pela forma como o seu trabalho é reconhecido”, concluiu Balla Keita.
Portugal também integra e lidera a Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana (EUMT-RCA), comandada pelo brigadeiro-general Hermínio Teodoro Maio.
A EUTM-RCA, que está empenhada na reconstrução das forças armadas do país, tem 45 militares portugueses, entre os 170 de 11 nacionalidades que a compõem.
A República Centro-Africana caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por vários grupos juntos na designada Séléka (que significa coligação na língua franca local), o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.
O conflito neste país, com o tamanho da França e uma população que é menos de metade da portuguesa (4,6 milhões), já provocou 700 mil deslocados e 570 mil refugiados, e colocou 2,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária.
O governo do Presidente Faustin-Archange Touadéra, um antigo primeiro-ministro que venceu as presidenciais de 2016, controla cerca de um quinto do território.
O resto é dividido por mais de 15 milícias que, na sua maioria, procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.
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