“Creio que as recomendações da CE vão de certa forma para o destinatário errado”, assegurou Schäuble numa comparência no Parlamento para defender o projeto de Orçamento do Estado para 2017, que será aprovado definitivamente na sexta-feira.

O ministro sublinhou que, desde que Angela Merkel chegou ao poder em 2005, a Alemanha em média aumentou 3,3% as receitas e 2,3% os gastos, enquanto o investimento aumentou 3,9% por ano.

Em comparação, adiantou Schäuble, os outros países da União Europeia (UE) aumentaram 2,7% as receitas, 2,5% os gastos e 0,7% o investimento.

A CE erra ao dirigir à Alemanha aquelas críticas, segundo o ministro das Finanças alemão, que considerou que Bruxelas “se desvia” assim da sua missão de supervisionar o cumprimento das normas orçamentais comunitárias.

Schäuble, homem forte e principal defensor das políticas de austeridade na Europa, mostrou-se satisfeito por levar à Bundestag (câmara baixa alemã) o quarto orçamento consecutivo do Governo federal que pressupõe um défice nulo.

Mesmo assim, o titular das Finanças reconheceu que as baixas taxas de juro na zona euro “ajudaram muito” a Alemanha a enfrentar grandes desafios, como a crise dos refugiados, sem cortar noutras despesas.

Sobre estas premissas, Schäuble defendeu que não se devem dar como certas as atuais condições e advertiu que as receitas no melhor dos casos se vão manter, enquanto os gastos vão aumentar nos próximos anos devido ao “desafio migratório” e à “evolução migratória”.

“Não devemos dormir sobre os êxitos alcançados”, defendeu.

Por outro lado, o Instituto da Economia Alemã (IW) de Colónia divulgou hoje previsões que apontam para um crescimento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) da maior economia europeia em 2017 devido ao aumento das “incertezas globais” depois do ‘Brexit’ (saída do Reino Unido da UE) e da vitória de Donald Trump nos Estados Unidos.

A estimativa do IW é claramente inferior à do Governo alemão, que aponta para um crescimento de 1,4% do PIB no próximo ano.