O governante falava na comissão parlamentar de Economia, Inovação e Obras Públicas, no âmbito de uma audição regimental, depois de ter respondido a dois requerimentos do PCP e um do Bloco de Esquerda (BE).

“Temos 315 quilómetros de ferrovia em execução”, disse Pedro Marques, que está a ser ouvido na comissão desde cerca das 09:30.

“Vamos adjudicar dentro de dias a maior obra dos últimos 100 anos”, acrescentou o governante, aludindo ao troço ferroviário entre Elvas-Caia.

“Na sexta-feira arrancam as obras” no Tua, acrescentou.

A audição foi marcada por troca de acusações entre o deputado do CDS-PP Pedro Mota Soares e o ministro Pedro Marques.

“O senhor ministro veio aqui para se despedir”, disse Pedro Mota Soares, na sua intervenção, aludindo à eventualidade de Pedro Marques ser cabeça lista do PS nas eleições europeias. A lista oficial só será anunciada em 16 de fevereiro, pelo que ainda não há confirmação.

“Já está com saudades minhas”, respondeu o ministro, iniciando um ‘bate boca’ entre os dois que levou à intervenção, mais do que uma vez, do presidente da comissão, Hélder Amaral.

Em resposta, Pedro Mota Soares disse que não sabia se iria ter saudades, apelidando várias vezes Pedro Marques de “ministro da propaganda”.

“Olho para si e só me lembro do engenheiro Sócrates”, disse o deputado do CDS-PP, apontando que o ministro fez “promessas”, mas estas eram apenas “propaganda”, questionando-o sobre as obras do Itinerário Complementar 35 (IC35) e sobre a linha ferroviária de Cascais.

“Também não tinha saudades do estilo da [sua] intervenção”, respondeu o governante, acusando Pedro Mota Soares de ser “o único ministro do Trabalho que defendeu a redução” do rendimento, referindo-se à TSU.

O deputado centrista gritou “mentira” por várias vezes, o que levou Hélder Amaral a intervir para serenar os ânimos.

E Pedro Marques continuou: “Em conteúdo não tem nada”, apenas a execução de “um programa de redução da vida dos portugueses”, acusando o deputado de ser o “rosto de um Governo que aumentou a pobreza”.

Pedro Mota Soares voltou a insurgir-se contra as acusações e Hélder Amaral (CDS-PP) questionou: “Muito bem, como é que querem que eu gira os trabalhos”.

“Gosto de audições ‘calientes’ [quentes]”, mas “os portugueses estão neste momento em casa a ver”, disse, pelo que pediu contenção.

“Percebo que discordem do ministro, aceito interpelações à mesa, não consigo aceitar” que não deixem o ministro responder, argumentou.

Na resposta, o ministro do Planeamento e das Infraestruturas afirmou – depois de reconhecer nunca ter sido “tão interrompido” numa comissão parlamentar como hoje – que relativamente à ferrovia de Cascais, o Governo tem reunido “abundantemente” com a Área Metropolitana de Lisboa, a qual representa os três concelhos envolvidos.

Sobre o IC35, Pedro Marques dirigiu-se a Mota Soares afirmando: “Deixaram um concurso lançado que chegava a uma rotunda e voltava para trás”.

O deputado tinha questionado sobre o ponto de situação das obras, cujo concurso tinha sido lançado durante o executivo de que fez parte.

Já em resposta ao deputado comunista Bruno Dias, o ministro disse que deu “prioridade ao interior e ao serviço regional”, em termos de ferrovia, e disse que atualmente há capacidade de resposta nos comboios da linha Norte.

“Nós temos hoje capacidade, na situação da procura atual”, disse, reconhecendo que vai precisar de “mais material circulante” se conseguirem “induzir aumento da procura para os investimentos” que estão a ser realizados.

“O primeiro comboio alugado a Espanha chegou ontem [terça-feira], há mais a chegar. Não é o ideal, mas é o possível”, salientou.

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