"Não parto da premissa que quando alguma coisa corre mal deve ser extinta. Acredite que estava muita coisa extinta em Portugal. Quando alguma coisa corre mal, a não ser algo que ponha em causa valores fundamentais, deve-se procurar corrigir, melhorar e evitar a repetição", disse Azeredo Lopes, em resposta ao deputado do BE João Vasconcelos.

O deputado bloquista tinha questionado se as mortes ocorreram pela "severidade do curso ou por negligência" e defendeu que os Comandos, como forças especiais, "estão desatualizados e não se compadecem com o atual quadro democrático", reiterando que devem ser extintos.

"Não posso acompanhá-lo. Não consigo aplicar a forças especiais um qualquer ferrete por factos alegadamente ocorridos há dezenas de anos", acrescentou ainda Azeredo Lopes ao deputado do BE, que tinha condenado comportamentos alegadamente protagonizados por elementos dos Comandos na Guerra Colonial.

O ministro elogiou o Corpo de Comandos, destacando a forma como serviram no Afeganistão, numa missão onde sofreram um morto e um ferido grave.

Sobre o mesmo tema, que dominou grande parte da audição, o deputado do CDS-PP João Rebelo referiu "algum ruido" na comunicação social sobre a possibilidade de extinção do corpo de Comandos e instou o ministro a clarificar.

"Nunca o Exército, direta ou indiretamente, nunca o ministério da Defesa, direta ou indiretamente, e mais claramente ainda a partir de certa altura o Presidente da República, deram a entender que essa hipótese estava a pender, ou que estava na pendência da conclusão do inquérito", respondeu Azeredo Lopes.

Tal como tinha feito o deputado do PSD Pedro Roque, o deputado João Rebelo acusou o BE de "aproveitamento político" por levantar a questão da extinção dos Comandos a propósito de duas mortes de militares que frequentavam o segundo dia do 127.º curso.

No início da audição, o ministro explicou que o objetivo das averiguações que decorrem é "saber por que é que correu menos bem e de que forma, com as limitações que resultam de ser uma formação muito exigente" de forma a prevenir que voltem a ocorrer.

Pedro Roque considerou que "os acontecimentos devem ser averiguados para apurar responsabilidades e para corrigir o que tiver que ser corrigido", manifestando-se contra qualquer ideia de extinção do corpo de Comandos, força que "tem tradição no Exército português".

No início da audição, o presidente da Comissão parlamentar, Marco António Costa, propôs uma visita ao "batalhão de Comandos no sentido de dar um sinal público de unidade nacional, sem prejuízo das diferenças de estratégia e de posições políticas de cada grupo parlamentar".

Pelo PCP, António Filipe considerou que "há um ponto perturbador" que "tem que ver com a saúde operacional, os meios de evacuação e com a capacidade do sistema de saúde das Forças Armadas".

O deputado frisou que os militares não foram assistidos no Hospital das Forças Armadas mas sim nos hospitais civis e disse que os incidentes evidenciaram que os Comandos não têm um sistema de evacuação próprio durante os cursos, o que "suscita alguma apreensão".