“Não conheço nenhuma relação, nem que seja a mais amorosa e mais intima, que não tenha alguma tensão, problemas e diferendos. Temos uma relação muita próxima com Espanha e tivemos um litígio em torno de Almaraz [central nuclear], mas as coisas resolveram-se e estamos a trabalhar em conjunto, temos uma relação muito próxima com os EUA e temos a questão da Base das Lajes [Açores] para resolver, portanto, todas as relações bilaterais têm progressos e dossiês em aberto, logo a relação entre Portugal e Angola não é exceção a isso”, afirmou, no Porto.
O chefe da diplomacia angolana reiterou hoje a necessidade de haver reciprocidade nas relações entre Angola e Portugal, com o tratamento igual às entidades políticas angolanas que é dado aos portugueses.
Georges Chikoti, que falava hoje em declarações à imprensa, à margem da cerimónia de acreditação de novos embaixadores em Angola, referiu-se ao recente episódio que trepidou as relações entre Angola e Portugal, com a publicação pela imprensa portuguesa de notícias sobre uma acusação do Ministério Público português contra o vice-presidente angolano Manuel Vicente, por alegada corrupção ativa.
À margem da cerimónia de receção a bolseiros de Países Africanos de Língua Portuguesa e Timor-Leste (PALOP/TL), na reitoria da Universidade do Porto, Augusto Santos Silva reiterou que a relação com Angola é “muito rica, muito densa e historicamente consolidada” e está relacionada com “muitas dezenas de milhares de pessoas, empresas e interesses estratégicos”, sendo necessário geri-la e melhora-la dadas as suas potencialidades.
“A reciprocidade é uma regra básica nas relações bilaterais, portanto, nós temos de nos tratar com respeito e, no caso de Portugal e Angola, não só nos tratamos reciprocamente com respeito, como nos tratamos reciprocamente com amizade”, vincou.
O governante revelou já ter proposto novas datas para a visita do primeiro-ministro a Angola, não revelando quais.
“Fizemos propostas de datas e Angola quando entender responderá, não vou revelar quais porque não é assim que se faz diplomacia, não é em frente aos microfones”, salientou.
Augusto Santos Silva sustentou que o trabalho entre Portugal e Angola continua a desenvolver-se, em particular entre os dois Ministérios dos Negócios Estrangeiros, que estão em “permanente contacto”.
Na sequência deste facto, a visita da ministra da Justiça portuguesa, Francisca Van-Dúnem, a Angola, anunciada, em Luanda, pelo ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, durante a sua deslocação ao país africano, em fevereiro, deveria ter sido realizada entre 22 e 24 do mesmo mês, mas ficou adiada ‘sine die’, a pedido do Governo angolano.
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