“Tenho um hábito de gestão que é, quando existe um problema, resolvê-lo, conheço outros que, quando existe um problema, o que interessa é encontrar um culpado e flagelá-lo”, referiu João Matos Fernandes.
“Existindo um problema, estamos a resolvê-lo com a equipa que temos e para isso precisamos de todos e da APA com um papel muito importante neste processo”, acrescentou à margem da sessão de abertura do Congresso do Tejo III – Mais Tejo, mais Futuro, que decorre até sábado em Lisboa.
O ministro respondia a uma pergunta dos jornalistas sobre se ainda tem confiança na APA, depois de o Bloco de Esquerda ter defendido, na quinta-feira, a demissão do presidente da APA, Nuno Lacasta, caso haja responsabilidades deste organismo público na revisão da licença de 2016 à Celtejo, que permitiu “triplicar” os valores de descarga de efluentes no rio Tejo.
“Há que saber de quem foi a má ideia de triplicar” os valores de descarga de efluentes no rio Tejo à empresa de celulose Celtejo aquando da revisão da licença em 2016, disse o deputado do BE Carlos Matias, acrescentando que, se foi uma ideia do ministro do Ambiente, há responsabilidades políticas, e “se foi uma ideia do senhor presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, então este tem que se demitir”.
Durante a sua intervenção na abertura do Congresso, o ministro do Ambiente afirmou que acontecimentos como aquele que sucedeu a 24 de janeiro, quando um manto de espuma branca, com cerca de meio metro, cobriu o rio Tejo na zona de Abrantes, já tinham ocorrido.
“Estou orgulhoso do que fizemos”, salientou o governante, referindo o trabalho das autarquias, da APA, da Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT) e da EPAL.
Matos Fernandes garantiu ainda que o rio já recuperou a qualidade da água.
“Chegámos ao dia de ontem [quinta-feira] e nenhum ponto de amostragem de rede”, desde fronteira até Constância,”tinha menos de sete miligramas de oxigénio, sendo que a jusante do Zêzere havia mais do que nove miligramas, resumiu o ministro perante os participantes no congresso.
“Temos que garantir que assim será no futuro”, disse João Matos Fernandes, o que, segundo o ministro, passa por assegurar que serão definidos novos formatos de licenças para as indústrias que lançam efluentes no rio, as quais têm de ser adaptadas à capacidade de absorção, que varia no tempo.
O ministro reforçou ainda que “o problema de poluição está resolvido e há vários dias que a qualidade da água do Tejo é boa e a concentração de oxigénio por litro ultrapassa largamente o mínimo exigível”.
“Esta batalha está claramente ganha”, concluiu.
O foco de poluição no rio Tejo levou à realização de ações de inspeção extraordinárias nos concelhos de Abrantes e de Mação, estando ainda por identificar a origem do problema, mas o Ministério Público tem uma investigação em curso.
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