“Aquilo foi um exercício de engenharia nasal, cheirou-lhes que estava pior, só que está melhor”, afirmou à agência Lusa o ministro, à margem de uma conferência sobre água, realizada hoje na Universidade de Évora.
Na quarta-feira, o BE criticou a “má qualidade” do rio Tejo e mostrou “preocupação” com a “falta de informação sobre a monitorização dos efluentes” da Celtejo” e a “metodologia utilizada no tratamento de lamas” em Vila Velha de Ródão.
O deputado do BE Pedro Soares, numa visita realizada ao rio Tejo na zona de Abrantes, no distrito de Santarém, disse à Lusa ter constatado “que o rio continua com coloração escura, castanha, e também com formação de espuma”.
“Há dois casos que nos preocupam bastante”, disse o deputado, aludindo à monitorização dos efluentes lançados ao Tejo pela empresa Celtejo e à metodologia na remoção das lamas em Vila Velha de Ródão, e referindo que vai “exigir informação” sobre estas matérias ao Ministério do Ambiente.
Questionado hoje pela Lusa, o ministro do Ambiente garantiu que o Tejo chegou a apresentar “1,1 miligramas de oxigénio por litro”, mas que, “hoje, em toda a extensão” do rio, esse valor já “está a mais de seis miligramas por litro”.
“E o valor a partir do qual se classifica como bom é de cinco” miligramas de oxigénio por litro de água, acrescentou o governante, depois de discursar no encerramento da conferência “Desafios da Água na Sociedade Portuguesa”.
Matos Fernandes reconheceu que, “naturalmente, existem sempre fenómenos, alguns deles absolutamente naturais, de poluição”, pelo que “o problema do Tejo não é um problema resolvido”.
“Por isso é que vamos agora investir mais 2,5 milhões de euros para garantir, num projeto a quatro anos [intitulado ‘Tejo Limpo’], que vamos conseguir melhorar e segurar aquilo que conseguimos até agora”, relativamente à qualidade da água, frisou.
Em relação à remoção das lamas em Vila Velha de Ródão, no distrito de Castelo Branco, o ministro do Ambiente considerou que a operação é “absolutamente exemplar e paradigmática”.
Em Portugal, “nunca se tinha feito igual”, ainda para mais utilizando “só tecnologia portuguesa”, assinalou João Pedro Matos Fernandes, realçando que está a conseguir-se retirar “98% da carga orgânica que estava no Tejo”.
“Por isso, não consigo e nunca conseguirei perceber aqueles que acham que deveriam ficar 30 mil metros cúbicos de poluição no fundo do Tejo. Não me consigo conformar com isso e, portanto, estamos a tirá-los de lá, nas condições de segurança que estão à vista de todos”, sublinhou.
A conferência “Desafios da Água na Sociedade Portuguesa” foi promovida pelo Conselho Económico e Social, em colaboração com o Lisbon International Centre for Water (LIS-WATER ou Centro Internacional da Água de Lisboa), coordenado pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC).
Matos Fernandes lembrou que as questões ligadas à água “estão na ordem do dia” e que “o risco de seca potencial é maior a cada ano que passa”, sendo necessário “gerir muito bem a água que temos”.
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