Questionado se seria um abuso da Sociedade VianaPolis deixar os últimos nove residentes daquele prédio em Viana do Castelo sem gás, luz e água, Matos Fernandes respondeu: “Aqui os abusados somos nós, os poderes públicos, porque [os moradores] há 19 anos que sabem que têm de sair de lá”.

“As pessoas não podem estar ali, é um edifício público, que foi expropriado e que tem de começar a ser desconstruído”, disse Matos Fernandes, acrescentando que os moradores “estão a ocupar um espaço que não é deles”, estão a “incumprir” uma decisão judicial e “correm o risco de estar a cometer um crime”.

O ministro sublinhou que os moradores interpuseram um conjunto de ações em tribunal para tentarem impedir a demolição do edifício e “perderam-nas todas”.

Lembrou também que foram dados 90 dias para os moradores saírem, mas ainda há “seis famílias” que permanecem no prédio.

O prédio Coutinho é um edifício de 13 andares, situado no centro histórico de Viana do Castelo, cuja demolição está prevista há 19 anos, no âmbito do Programa Polis.

Como hoje disse Matos Fernandes, é tido como um “abcesso urbano, numa cidade tão bonita como Viana do Castelo”.

Para o lugar do prédio, está prevista a construção do novo mercado municipal de Viana do Castelo.

“Há 19 anos que estamos a faltar à palavra aos comerciantes do mercado municipal, que viram o seu mercado demolido e mandados para a periferia da cidade”, referiu o ministro do Ambiente.

Reiterou que as pessoas “têm de sair” do prédio Coutinho e o edifício tem de ser demolido, “em prol do interesse público”.

O ministro disse ainda que os moradores têm “casas à espera deles” no centro da cidade ou então as indemnizações fixadas pelo tribunal.

A sociedade VianaPolis iniciou cerca das 08:30 de hoje os trabalhos de desconstrução das frações desocupadas no prédio Coutinho, em Viana do Castelo, sendo que no interior do edifício permanecem nove moradores que se recusam a entregar seis habitações.

O ministro apelou para que as pessoas saiam, porque "vão mesmo ter de sair".

Matos Fernandes falava esta manhã, em Viana do Castelo, à margem da cerimónia que assinalou a entrada em funcionamento do sistema de abastecimento em alta localizado em Barroselas.