O que terá acontecido?

Frederico Pinheiro, ex-assessor de João Galamba, Ministro das Infraestruturas e Habitação, foi acusado de omitir a existência das notas da reunião entre a ex-CEO da TAP, Christine Ourmiéres-Widener, e o grupo parlamentar do PS durante dois meses, tendo sido exonerado esta semana por João Galamba.

O Ministro despediu-o por telefone, na última quarta-feira, e no seguimento desta ação, Frederico Pinheiro ter-se-á dirigido ao Ministério com o objetivo de recuperar o seu computador de trabalho, algo que alguns elementos do Ministério tentaram impedir, o que fez com que o ex-assessor tenha, alegadamente, agredido duas pessoas.

Qual a versão de Frederico Pinheiro?

Fernando Pinheiro desmente a versão do Ministério e diz que foi João Galamba que escondeu as notas da “reunião secreta”, salientando que não houve uma, mas sim duas reuniões preparatórias, entre TAP e governo, tendo em vista a audição de Christine Ourmiéres-Widener.

“No dia 16 de janeiro de 2023, de manhã, realizou-se uma reunião preparatória na qual participaram o ministro das Infraestruturas, João Galamba, a então CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, Frederico Pinheiro, adjunto do ministro, e Manuela Simões, diretora do departamento jurídico da TAP”, disse Frederico Pinheiro.

O que aconteceu este sábado?

Já depois de na véspera João Galamba ter desmentido a versão de Frederico Pinheiro, o ministro concedeu hoje uma conferência de imprensa, detalhando outros pormenores da sua versão.

"Quero começar pela defesa da verdade. Após a audição da CEO da TAP, foi convocada uma reunião do meu gabinete, onde Frederico Pinheiro se encontrava. Nessa reunião, a 5 de abril, foi pedido aos membros do gabinete que acompanharam a reunião que “relatassem” o que lá tinha acontecido e fornecessem os elementos que tinham. Nenhum deu indicação de existirem elementos documentais, nem de ter havido combinação de perguntas e respostas, e há várias testemunhas disso", garantiu.

O que se segue?

Para já, João Galamba não se vai demitir do seu cargo, salientando que ficará a aguardar por uma posição do primeiro-ministro, António Costa.

"A decisão de me manter no Governo depende da avaliação e vontade do primeiro-ministro. Eu entendo que tenho todas as condições para participar neste Governo e estou aqui de facto como ministro das Infraestruturas deste Governo. Os factos mostram que não se trata aqui de haver versões contraditórias. […] Os factos são claros, diria mesmo cristalinos, e demonstram à sociedade os esforços de todos os elementos da minha equipa, nas insistências reiteradas para que tudo fosse recolhido”, acrescentou.

E o que dizem Marcelo Rebelo de Sousa e os partidos da oposição?

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pronunciou-se este sábado sobre esta polémica, referindo não estar a par de todos os pormenores, embora tenha salientado também que poderá falar com António Costa sobre o tema.

“Sobre isso eu só tenho a dizer duas coisas: a primeira é que se estão a referir-se àquilo que aconteceu ontem continuou hoje, e continuou quando eu estava já aqui na Ovibeja e, portanto, não tenho informação completa sobre a matéria. Em segundo lugar, quando tiver a informação completa, a primeira pessoa com que vou falar é o primeiro-ministro. Portanto, o que tiver a dizer, digo ao primeiro-ministro”, afirmou o presidente da República.

Alguns partidos da oposição também já reagiram, como a Iniciativa Liberal (IL) e o PAN, que pediram mais explicações, com a IL a considerar que a realidade agora conhecida é "ainda pior do que imaginava".  Mais longe foi o Bloco de Esquerda, com Catarina Martins a salientar que o ministro das Infraestruturas “tem muito poucas condições para continuar no Governo”, acusando-o de mentir sobre reunião preparatória com a ex-CEO da TAP.