Depois de a tensão a leste ter sido abordada pelos chefes de Estado e de Governo da UE na passada quinta-feira, numa mini-cimeira extraordinária celebrada antes da cimeira UE-África, a ameaça de uma nova guerra na Europa volta hoje à mesa dos chefes da diplomacia, depois de um fim de semana em que se assistiu a uma escalada do conflito, com o aumento de confrontos na região do Donbass e o prolongamento de exercícios militares russos na Bielorrússia.

No domingo, as autoridades de Minsk, aliadas de Moscovo, anunciaram que as tropas russas que estão no país desde 10 de fevereiro para exercícios militares ali vão continuar para mais manobras, o que, segundo os Estados Unidos, reforça a possibilidade de uma invasão estar prestes a acontecer.

Os observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) anunciaram no sábado ter registado em 24 horas mais de 1.500 violações do cessar-fogo na Ucrânia oriental, número que constitui um recorde este ano, tendo mesmo a organização convocado igualmente para hoje uma reunião extraordinária para debater a escalada de tensão militar.

Os ministros dos 27, entre os quais Augusto Santos Silva, terão a oportunidade de trocar impressões com o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, num pequeno-almoço informal a anteceder os trabalhos formais do Conselho.

O pacote de sanções “sem precedentes” com que a UE tem ameaçado Moscovo em caso de agressão militar à Ucrânia não está ainda na ordem do dia, mas, na última quinta-feira, o Alto Representante da UE para a Política Externa e de Segurança, Josep Borrell — que dirige as reuniões de ministros dos Negócios Estrangeiros — garantiu que já está preparado.

“Como Alto Representante, estou pronto a apresentar esse pacote ao Conselho [Estados-membros], a quem cabe aprovar sanções. E fá-lo-ei assim que for necessário. Se houver uma agressão [russa], convocarei imediatamente um Conselho de ministros dos Negócios Estrangeiros, e estou certo de que, mesmo sendo necessária unanimidade, o Conselho aprová-lo-á”, disse.

O Ocidente e a Rússia vivem atualmente um momento de forte tensão, com o regime de Moscovo a ser acusado de concentrar pelo menos 150.000 soldados nas fronteiras da Ucrânia, numa aparente preparação para uma potencial invasão do país vizinho.

Moscovo desmente qualquer intenção bélica e afirma ter retirado parte do contingente da zona.

Entretanto, aumentaram nos últimos dias os confrontos entre o exército da Ucrânia e os separatistas pró-russos no leste do país, sobretudo no Donbass, onde a guerra entre estas duas fações se prolonga desde 2014.