Varsóvia e a União Europeia acusam o regime de Minsk de estar a tentar destabilizar o bloco europeu ao promover de forma deliberada a passagem de pessoas através das fronteiras polacas.

“Estou certo de que nas atuais circunstâncias – apesar da situação política – os duros desafios e ameaças, através da abertura e de diálogo racional, uma visão imparcial do passado e do presente, os povos dos dois países podem implementar conjuntamente ideias pragmáticas e unificadoras”, assinalou o presidente da Bielorrússia numa mensagem que foi distribuída hoje pelos serviços de imprensa do regime.

Lukashenko mostra-se convencido “de que os princípios de não-ingerência nos assuntos internos, os projetos de investimento e o trabalho conjunto no quadro internacional – em benefício da estabilidade e da segurança – podem servir para fortalecer” a independência e a soberania dos dois Estados sobre uma base “sólida”, para a manutenção da paz e da “cooperação construtiva”.

A mensagem de Lukashenko é divulgada após o agravamento da crise registado na segunda-feira entre a Bielorrússia a União Europeia e a Polónia, devido à chegada de milhares de migrantes e refugiados, a maioria cidadãos curdos provenientes da Síria e do Iraque, a território polaco.

Os grupos de refugiados foram acompanhados pelas forças de segurança da Bielorrússia até à zona de fronteira com a Polónia.

Desde o princípio do ano que se multiplicam as entradas irregulares de migrantes na Letónia, Lituânia e Polónia através da Bielorrússia.

Para a União Europeia trata-se de um plano de Minsk para destabilizar o bloco europeu por causa das sanções ocidentais contra as eleições presidenciais fraudulentas na Bielorrússia e pela aterragem forçada de um avião comercial em Minsk para a detenção de um dissidente político.

Na terça-feira, o Presidente bielorrusso disse que há “organizações mafiosas” europeias na zona da fronteira entre a Polónia e a Bielorrússia, considerando-as responsáveis pelo fluxo de migrantes e refugiados que pretendem alcançar a Alemanha e a França.

“Eles [migrantes e refugiados] não vão para um local desconhecido, não vão para o cosmos (…) Está tudo muito bem organizado. A Bielorrússia é apenas uma etapa e não é a mais importante”, afirmou Lukashenko na terça-feira.

Na mesma altura, o Presidente da Bielorrússia disse temer que as atuais tensões na fronteira possam criar “provocações” por parte da Polónia que, segundo Minsk, está a utilizar veículos blindados Leopard para “combater” contra os milhares de migrantes que tentam desde segunda-feira passar a fronteira na região de Grodno.

Lukashenko acrescentou que “qualquer erro” cometido por Varsóvia pode desencadear o envolvimento da Rússia, “uma grande potência nuclear”.