“Este é um fator determinante que vai certamente salvar a vida de muitas crianças e famílias, que ainda estão a tentar recuperar dos efeitos da tempestade”, lê-se no comunicado da Unicef.

Para o especialista da Unicef em água, saneamento e higiene, Chris Cormency, “restaurar o acesso à água potável para os 500.000 habitantes da Beira foi uma prioridade”.

“Sem água potável, as crianças ficam particularmente vulneráveis às doenças transmitidas por esta via, tais como diarreia, que facilmente se pode transformar numa ameaça à vida”, acrescentou o especialista.

A operação no terreno, durante a qual o Governo moçambicano contou com o apoio logístico, financeiro e técnico da Unicef e com a ajuda do Reino Unido, permitiu o restabelecimento do sistema de abastecimento de água no passado dia 22 de março, refere o mesmo comunicado.

Segundo o documento, atualmente, a água potável “já está a passar em cerca de 60% da rede da cidade” da Beira, sendo que o Governo deverá assegurar o transporte de água para as zonas mais afetadas até à recuperação total de toda a infraestrutura de abastecimento.

“Reconhecemos a extrema urgência desta situação e o facto de que poderíamos facilitar uma solução”, referiu a chefe da Missão de Ajuda do Reino Unido, Cate Turton, que considerou que a operação representa “um grande exemplo de colaboração entre vários parceiros”.

O Reino Unido enviou vários voos de ajuda que transportaram material para a Beira, ao passo que a Unicef forneceu apoio técnico, combustível e produtos químicos para o tratamento da água.

A passagem do ciclone Idai em Moçambique, no Zimbabué e no Maláui fez pelo menos 786 mortos e afetou 2,9 milhões de pessoas nos três países, segundo dados das agências das Nações Unidas.

Moçambique foi o país mais afetado, com 468 mortos e 1.522 feridos já contabilizados pelas autoridades moçambicanas, que dão ainda conta de mais de 127 mil pessoas a viverem em 154 centros de acolhimento, sobretudo na região da Beira, a mais atingida.

As autoridades moçambicanas adiantaram que o ciclone afetou cerca de 800 mil pessoas no país, mas as Nações Unidas estimam que 1,8 milhões precisam de assistência humanitária urgente.

Entre os danos materiais, as autoridades moçambicanas registam mais de 90 mil habitações atingidas, das quais 50.619 ficaram totalmente destruídas, 24.556 parcialmente destruídas e 15.784 inundadas.

Foram ainda danificadas ou destruídas 3.202 salas de aulas, afetando 90.756 alunos, bem como 52 unidades de saúde.

Quase 500 mil hectares de terras ficaram inundadas.

Segundo o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades de Moçambique, o Idai atingiu a Beira no dia 14 de março com chuva forte e rajadas de vento de 180 a 220 quilómetros por hora.

No Zimbabué, as vítimas mortais registadas são 259, há 186 feridos contabilizados e 4.500 deslocados, num total de 270 mil pessoas atingidas pelos efeitos do Idai.

No Maláui, o balanço mantém-se inalterado, nos 59 mortos, além de 672 feridos, 86 mil deslocados, e 868.900 pessoas afetadas.