A fonte avançou que a empresa tinha no complexo da Total em Afungi, distrito de Palma, 20 trabalhadores, incluindo 17 locais e três estrangeiros, quando a vila de Palma foi atacada por grupos armados, na quarta-feira, mas todos foram retirados de barco ilesos, no sábado.
"Nunca estiveram em perigo iminente e estiveram sempre em segurança no recinto do complexo do nosso cliente [a Total]. Falei com todos e estão bem, tirando a ansiedade inicial do momento em que começaram os ataques", acrescentou a fonte.
Os 20 trabalhadores estavam a preparar as condições para o regresso às obras em Afungi de cerca de 250 colegas, depois de as duas empreitadas terem sido interrompidas na sequência de um anterior ataque, em janeiro, à aldeia de reassentamento das comunidades retiradas da zona de construção do empreendimento de gás da Total, perto do perímetro de segurança do empreendimento da multinacional francesa.
Na altura, a Total e todas as empresas envolvidas no empreendimento em Palma reduziram significativamente o seu pessoal, mas horas antes do ataque de quarta-feira a petrolífera francesa e o Governo moçambicano emitiram um comunicado conjunto anunciando que as atividades seriam retomadas em breve.
A fonte da Construções Gabriel Couto avançou que a empresa aguarda com "expectativa e esperança por instruções" da Total.
A empresa portuguesa tem em mãos dois empreendimentos em Afungi: construção de uma pista de aviões de 2.300 metros de comprimento, terminal de passageiros, casa para bombeiros e torre de controlo, e a construção de estradas no interior do complexo da Total.
O primeiro empreendimento está na fase final de construção e o segundo encontra-se numa etapa intermédia.
"Estamos em Moçambique há 20 anos e identificámo-nos com a aposta do país na construção de infraestruturas. Olhámos para o futuro com esperança", assegurou a fonte.
Em fevereiro de 2019, um motorista moçambicano da Construções Gabriel Couto foi assassinado por homens armados que se suspeita estarem ligados aos grupos que desde outubro de 2017 aterrorizam a província de Cabo Delgado.
No ataque do dia 24, em Palma, dezenas de civis foram mortos, segundo o Ministério da Defesa moçambicano.
O recinto onde estão a ser erguidas as infraestruturas do projeto de gás dista cerca de 25 quilómetros da vila de Palma e não foi atingido pelos ataques e confrontos que se seguiram entre os grupos armados e as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas.
A violência está a provocar uma crise humanitária com quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes.
O movimento terrorista Estado Islâmico reivindicou na segunda-feira o controlo da vila de Palma, junto à fronteira com a Tanzânia.
Vários países têm oferecido apoio militar no terreno a Maputo para combater estes insurgentes, cujas ações já foram reivindicadas pelo autoproclamado Estado Islâmico, mas, até ao momento, ainda não existiu abertura para isso, embora haja relatos e testemunhos que apontam para a existência de empresas de segurança e de mercenários na zona.
Comentários