“Este ano, a concentração tem a internacionalização assegurada, com a presença de astrónomos espanhóis, franceses. E temos um palestrante da Alemanha, ou seja, conseguimos a nossa primeira internacionalização”, disse o presidente do Clube das Ciências.
Paulo Sanches explicou à agência Lusa que, em 2020, contavam “receber os primeiros estrangeiros”, de Espanha, mas a pandemia de covid-19 acabou por cancelar a concentração.
Em 2009, Ano Internacional da Astronomia, o Clube das Ciências, que Paulo Sanches fundou em 1999 no Agrupamento de Escolas de Moimenta da Beira, onde é professor de física e química, fez a primeira concentração.
“Se se fazem concentrações de motas, porque não fazer de telescópios?”, questionou Paulo Sanches, que admitiu a “paixão de olhar para o céu desde pequenino”.
Assume-se como “autodidata na astronomia”, que o tem levado a várias localidades para ver as estrelas.
Desde então, contou, com o apoio do agrupamento de escolas, da autarquia de Moimenta da Beira, no distrito de Viseu, “e de muitos colegas e funcionários do agrupamento que se oferecem e apoiam na logística”, realiza-se a concentração de dois em dois anos.
Com a concentração agendada sempre em maio, o Santuário de São Torcato tem acolhido “200 e tal pessoas de todo o país” e, este ano, “já estão mais de 400 inscritos e não são só astrónomos, mas também muitos curiosos que querem ter oportunidade de aprender”.
“Este ano, tive a felicidade de conhecer o presidente da Federação da Astronomia de Espanha, que divulgou a nível nacional a nossa concentração e daí esta internacionalização e uma presença forte de espanhóis de várias zonas do país vizinho, como Madrid ou Valência”, contou.
O encontro começa no sábado pelas 14:00, e, “este ano, devido ao número de participantes, vai ter de acontecer no pavilhão municipal”, com a presença, entre outros, de Alexandre Cabral, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, Gerardo Ávila, do European Southern Observatory, e José Matos da FISUA — Associação de Física da Universidade de Aveiro.
Além do ciclo de palestras, há uma paragem para observar o sol com telescópios solares, há sorteios de material da astronomia e, pelas 19:00, seguem para o Santuário de São Torcato, a 12 quilómetros da vila, na aldeia de Cabaços, para montar os telescópios.
“A partir das 21:30 abrimos a toda a comunidade, mesmo às pessoas da vila e da aldeia de Cabaços, para mostrarmos o céu e podermos proporcionar esta experiência, a quem não tem telescópio e são muitos os que vêm, de todo o país, pelo gosto e curiosidade”, disse.
Paulo Sanches adiantou ainda que, “vai haver uma palestra dentro da igreja, que é uma experiência diferente, muito interessante”, que teve o apoio do pároco e da comissão de São Torcato, que permite aos participantes não se afastarem os telescópios para assistirem a uma palestra noturna.
“Haverá chocolate quente ao longo da noite e depois é uma questão de resistência, porque há quem consiga ficar até ao nascer do sol. O santuário é um local privilegiado e tem a particularidade de estar longe da poluição luminosa”, referiu.
Paulo Sanches destacou “a vantagem de Moimenta da Beira de estar longe de grandes cidades, por exemplo, está a 60 quilómetros de Viseu, e acaba por não haver interferências de luzes e o santuário não se deixa afetar pela iluminação pública das aldeias”.
“Isto permite-nos dar a conhecer um céu que, se calhar, muitos astrónomos que moram nas grandes cidades não conhecem, porque não há acesso a este tipo de céu que temos o privilégio de ter aqui”, sublinhou.
No domingo, o encontro termina com um momento musical e um “intercâmbio ibérico, ou seja, as várias instituições portuguesas e espanholas presentes na concentração vão ter oportunidade de se darem a conhecer numa pequena apresentação”.
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