"Depois de uma luta desigual contra as forças da natureza nestes últimos dias, começámos a ter hoje os primeiros sinais positivos de melhoria", disse Carlos Luís Tavares aos jornalistas, numa conferência de imprensa realizada em Montemor-o-Velho.

O comandante operacional frisou que para a melhoria registada contribuiu a diminuição do caudal no leito central do rio Mondego.

O débito atual situa-se nos 646 metros cúbicos por segundo (m3/s) no Açude-Ponte de Coimbra, cerca de metade do valor indicativo de cheia, que é de 1.200 m3/s, e mais de três vezes inferior ao caudal registado no sábado, que ultrapassou o limite de segurança de 2.000 m3/s.

Para esta melhoria contribuíram também as condições meteorológicas favoráveis e o facto de a barragem da Agueira estar a libertar água "nos caudais mínimos", de cerca de 400 m3/s.

Apesar dos "sinais claros de melhoria e diminuição do grau de risco" evidenciados por Carlos Luís Tavares, com "menos caudal e menos intensidade", o comandante operacional avisou que "o risco de cheia continua" e as autoridades não vão, "para já, baixar a guarda".

O CODIS frisou que os meios da Proteção Civil municipal e da autarquia de Montemor-o-Velho vão continuar a reforçar o talude direito do leito periférico do rio - fronteiro à margem oposta que no domingo sofreu um colapso - e que constitui a "única salvaguarda" das populações da vila de Montemor-o-Velho e da aldeia de Ereira.

"Todos estes terrenos estão cheios de água e vão permanecer durante muitas semanas com água. Há necessidade das pessoas se manterem atentas porque, a qualquer momento, poderá haver o efeito de cheia", avisou Carlos Luís Tavares.

"Não será com o mesmo grau de gravidade, mas não deixamos de ter isso em consideração", adiantou.

Com as duas roturas de diques ocorridas, o CODIS de Coimbra alertou também que ao longo do inverno o município de Montemor-o-Velho "vai ficar vulnerável".

"Há um trabalho intenso, depois, a seguir, de recuperação, de normalidade. Há estradas municipais no concelho de Montemor que vão ficar interditas durante semanas e portanto isto não se vai resolver para já", argumentou.

Os efeitos do mau tempo, que se fazem sentir desde quarta-feira, já provocaram dois mortos e um desaparecido e deixaram 144 pessoas desalojadas e outras 352 deslocadas por precaução, registando-se mais de 11.600 ocorrências, na maioria inundações e quedas de árvores.

O mau tempo, provocado pela depressão Elsa, entre quarta e sexta-feira, a que se juntou no sábado a depressão Fabien, provocou também condicionamentos na circulação rodoviária e ferroviária, bem como danos na rede elétrica, afetando a distribuição de energia a milhares de pessoas, em especial na região Centro.

A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, num balanço feito hoje às 10:00, disse que o distrito de Coimbra é aquele que ainda causa maior preocupação, apesar de o número de ocorrências ter "baixado significativamente", esperando-se a redução do caudal no leito do rio Mondego nos próximos dias.

(Notícia atualizada às 14:57)