Luís Montenegro reagia, na TSF, a declarações feitas na terça-feira à noite por Manuela Ferreira Leite, na mesma estação de rádio, nas quais considerou preferível o PSD ter "pior resultado" eleitoral do que ficar com um "rótulo de direita".
“Eu creio que há pessoas no PSD, como fica claro com esta declaração, que não se importam que o partido seja cada vez mais pequeno, mais pequenino, pequenino mesmo. E isto não pode deixar de indignar quer os militantes, quer os dirigentes, quer os votantes do PSD”, sustentou Luís Montenegro no programa “Almoços Grátis”, da TSF.
Montenegro, que foi a única voz de oposição assumida no congresso da consagração de Rui Rio na liderança do PSD, em fevereiro de 2018, mostrou-se, uma vez mais, em “absoluto desacordo” com a visão da ex-ministra das Finanças de Durão Barroso.
“Dizer como ela disse que prefere um mau resultado a um rótulo que não existe, de uma coisa que ainda nem sequer se realizou, que tem pessoas, ou pelo menos devia ter, de vários quadrantes políticos é, a meu ver, de facto, gravíssimo. É gravíssimo que se diga uma coisa destas, até porque por detrás desta afirmação está uma ideia de PSD com a qual eu estou em absoluto desacordo”, assumiu.
Para o líder do grupo parlamentar do tempo de Pedro Passos Coelho, é “muito perigoso” que se tente “matar” a “ideia do PSD como um grande partido, com vocação maioritária, com vocação de Governo”.
Isso seria “mesmo descaracterizar o PSD”, argumentou.
"Esta afirmação de Manuela Ferreira Leite, que corresponde à linha política da atual direção não é a minha e quero dizê-lo com toda a frontalidade: estarei sempre na linha de um PSD grande e ganhador", assinalou, concluindo que "o PSD assim não se vai conseguir afirmar".
Luís Montenegro será um dos oradores do Convenção do Movimento da Europa e Liberdade (MEL), que se realizará na quinta e sexta-feira, reunindo na Culturgest, em Lisboa, várias figuras do centro-direita português, casos da atual e do antigo presidente do CDS-PP, Assunção Cristas e Paulo Portas, respetivamente, do líder do partido Aliança, Pedro Santana Lopes, do ex-líder parlamentar do PSD Luís Montenegro e do antigo presidente social-democrata Luís Marques Mendes.
Manuela Ferreira Leite considerou preferível o PSD ter um "pior resultado" eleitoral do que ficar com um "rótulo de direita", num debate em que reduziu a Convenção da Europa e Liberdade à luta pelas listas de deputados.
"Não posso nunca concordar com aqueles que preferem ver o PSD com um carimbo que eu acho que não faz parte da sua génese, do seu ideário e que eu prefiro que tenha pior resultado nas eleições do que tivesse melhor com um rótulo que eu acho que não lhe assenta", afirmou a ex-ministra das Finanças de Durão Barroso no programa da rádio TSF Pares da República, gravado na terça-feira à noite.
Na véspera da Convenção do MEL, que junta várias figuras do PSD conotadas com a ala adversária da liderança de Rui Rio, Manuela Ferreira Leite não poupou nas palavras, chegando a manifestar "algum desprezo" pela iniciativa.
"Acho que todo este tipo de movimentos que se baseiam em questões de natureza pessoal e muito marcados pela futura próxima constituição de listas para deputados merecem-me algum desprezo", assumiu a ex-dirigente social-democrata, para quem "é óbvia" a relação entre a Convenção do MEL e as próximas eleições.
"É agora ou nunca! Quando estiverem feitas as listas já as pessoas todas se desinteressam e só acordam daqui a quatro anos", argumentou.
Manuela Ferreira Leite aproveitou também para reiterar a oposição a todos os que pretendem 'puxar' o PSD para a ala direita do espetro político, situando a Convenção do MEL nesse espaço de oposição à atual liderança social-democrata.
"Penso que é um movimento de muito curto prazo, efetivamente tem muito a ver com a oposição ao Rui Rio e, pessoalmente, sempre defendi que o PSD tinha adquirido um rótulo de direita do qual sempre discordei e que se tivesse alguma forma de combater teria combatido, salientou.
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