“Também nesta polémica com o presidente da Câmara de Lisboa se nota a soberba e a arrogância do primeiro-ministro, mas creio que o presidente da Câmara respondeu muito bem: o senhor primeiro-ministro, dr.º António Costa, tem que se habituar também à ideia de respeitar que os lisboetas votaram no projeto do engenheiro Carlos Moedas, do PSD e dos partidos que nos acompanharam nessas eleições”, afirmou.

Luís Montenegro falava no fim de uma visita à Universidade da Beira Interior, na Covilhã, onde se deslocou no âmbito do último dia do programa “Sentir Portugal”, que iniciou no domingo no distrito de Castelo Branco.

Questionado sobre a forma como se posicionava na contenda entre o primeiro-ministro e o presidente da Câmara de Lisboa no episódio das cheias em Lisboa, o presidente do PSD criticou o primeiro-ministro.

Numa altura em que ainda não se sabia do pedido de desculpas de António Costa, Luís Montenegro começou por destacar que, antes mesmo desta questão, tinha feito notar que a postura de António Costa é de “arrogância, de soberba, de deslumbramento, que não se justifica”.

O líder dos sociais-democratas aproveitou para citar a declaração de António Costa com a expressão “eles que se habituem”, para defender que é o primeiro-ministro quem tem de se habituar.

“Ele [António Costa] é que tem de se habituar a fazer o jogo da democracia”, disse.

Acrescentando que nesse “jogo” estão previstos os direitos de oposição, acusou António Costa de não estar a respeitar esses direitos e afirmou que já foram mais de 20 os membros no Governo que, por ação do PS, não foram ao parlamento esclarecer as suas políticas.

“É escandaloso. Não me recordo de um nível destes. É um abuso completo da maioria absoluta”, sublinhou.

Uma atitude que, segundo disse, se repete na polémica entre António Costa e Carlos Moedas.

Nessa questão, Luís Montenegro também recorreu ao verbo “habituar”, mas aplicado a António Costa e para lembrar que agora o presidente da Câmara de Lisboa é Carlos Moedas.

Lembrando ainda que António Costa já exerceu essas funções, considerou que a atitude do primeiro-ministro pode também resultar de um “problema de consciência” pela “ineficácia” das gestões socialistas para resolver o problema da drenagem da água no território de Lisboa.

O primeiro-ministro pediu hoje desculpa pela “expressão infeliz” que usou em reação a uma pergunta sobre as razões para não ter contactado o presidente da Câmara de Lisboa após as inundações ocorridas nos últimos dias.

Na quinta-feira à noite, na conferência de imprensa após a reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas, o primeiro-ministro foi questionado sobre as razões que o levaram a não efetuar qualquer contacto com o presidente da Câmara de Lisboa, depois de a capital portuguesa ter registado grandes inundações em consequência de fortes chuvas.

Já após essa conferência de imprensa, sem microfone, desabafou junto dos jornalistas: “Posso perguntar porque é que ele [Carlos Moedas] não me telefonou a mim quando tive a minha casa inundada”.

Hoje, após ter participado na sessão de apresentação do apoio extraordinário para o setor social e solidário, em Lisboa, o líder do executivo falou sobre esse episódio.

“Tive ontem [quinta-feira] uma expressão infeliz, depois de quase 14 horas de reunião. Fiz um à parte irritado, não devia ter feito e peço desculpa”, declarou.

Questionado se já sentiu a necessidade de se retratar junto de Carlos Moedas, o primeiro-ministro respondeu: “Acho que ele próprio já disse que estava o assunto encerrado”.

Já sobre a expressão que usou em relação à Iniciativa Liberal, numa entrevista à revista Visão, falando em “queques que guincham”, António Costa disse tratar-se de “uma expressão coloquial”.