“Nós confiamos e partimos de um princípio de confiança em relação às entidades envolvidas e nomeadamente aquelas entidades que promovem e fazem o estudo. E, sabendo que não há estudos meio positivos ou meio negativos. Ou é positivo ou é negativo”, referiu à Lusa o autarca do Barreiro, Frederico Rosa (PS).

O presidente realçou que ainda não tinha tido oportunidade de analisar o EIA, que entrou hoje em consulta pública e pode ser consultado no ‘site’ da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), no entanto, ao ler o resumo já tinha conhecimento dos impactos negativos sobre a avifauna e a saúde da população, devido ao ruído.

“Obviamente olhamos com preocupação para o ruído e para a forma como pode ser mitigado, mas nunca vamos deixar de olhar para a questão como um todo, sabendo obviamente que uma infraestrutura como esta pode trazer um desenvolvimento tremendo para toda esta zona da Margem Sul”, defendeu.

Além da criação de emprego e dinamização do distrito de Setúbal, Frederico Rosa lembrou que fazem parte deste investimento duas pontes rodoviárias entre o Montijo, Barreiro e Seixal, que ajudarão na “redistribuição do trânsito”.

De qualquer forma, o executivo ainda está a analisar o documento e só mais tarde tomará a sua posição.

Também o presidente da Câmara da Moita, Rui Garcia (CDU) ainda não tinha conseguido analisar todo o estudo, mas reafirmou aquela que tem sido a sua posição: “Esta solução é má sobre qualquer ponto de vista que se analise, do ponto de vista dos efeitos do país, da expansão da atividade aeroportuária, da região e do ordenamento do território, dos impactos negativos nas populações”.

“Tudo são más notícias quando se fala no aeroporto na Base Aérea N.º 6”, frisou.

O EIA aponta diversas ameaças para a avifauna e efeitos negativos sobre a população por causa do ruído, prevendo a aplicação de “medidas ambientais adequadas e indicadas”.

No entanto, para o autarca da Moita, “não há mitigação possível para os impactos que tem para muitos milhares de pessoas do ponto de vista do ruído e numa zona protegida de elevado valor ambiental”.

Rui Garcia criticou também a altura em que o documento foi submetido a consulta pública, quase em agosto, por ser um mês em que grande parte da população está de férias.

“É posto em discussão na melhor época possível do ano. Até parece que foi de propósito, pôr uma coisa desta importância em discussão durante o mês de agosto”, frisou.

O autarca reafirmou que o Campo de Tiro de Alcochete é a melhor opção para o futuro aeroporto, defendendo que “nunca é tarde demais para reverter uma má decisão”.

“Nós pensamos que o EIA, com as questões que levanta, mesmo que se procure alguma solução milagrosa para as mitigar, vem confirmar que esta é uma má opção e vem dar mais força aos argumentos de quem sente que existe uma alternativa melhor”, defendeu.

A ANA e o Estado assinaram em 08 de janeiro o acordo para a expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa, com um investimento de 1,15 mil milhões de euros até 2028 para aumentar o atual aeroporto de Lisboa (Humberto Delgado) e transformar a base aérea do Montijo no novo aeroporto de Lisboa.

O projeto do Aeroporto do Montijo e respetivas acessibilidades, além da construção de um novo aeroporto na região de Lisboa, engloba também a construção de um novo acesso rodoviário, que permitirá estabelecer a ligação do futuro aeroporto à A12.

O futuro aeroporto do Montijo deverá ser implantado dentro dos limites da Base Aérea 6, na margem esquerda do rio Tejo, a 25 quilómetros de Lisboa, na sua quase totalidade no concelho do Montijo, na União de Freguesias de Montijo e Afonsoeiro. Uma pequena área da Base Aérea 6, a nordeste, fica integrada no concelho de Alcochete, na freguesia do Samouco, mas que não será afetada pela construção do Aeroporto.

O primeiro-ministro, António Costa, já disse que apenas aguarda o EIA para a escolha da localização do novo aeroporto ser "irreversível".

(Notícia atualizada às 13:03)