No frente a frente com António Costa, no debate quinzenal, no parlamento, Jerónimo de Sousa insistiu na opção de construir o novo aeroporto em Alcochete, também distrito de Setúbal, afirmando que Montijo “é um apeadeiro”.

O debate da localização foi concluído em 2014 e 2015 e agora, segundo António Costa, é “tempo de executar”, que lembrou a discussão no passado, tanto como autarca de Lisboa como governante: “Perdi esse debate, agora não o vou reabrir.”

Na sua intervenção, Jerónimo de Sousa recordou que já houve um compromisso nacional “alargado” para a construção do novo aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete, que foi “rompido com a privatização da ANA” devido aos interesses da empresa que foi privatizada, agora detida pela Vinci, e que o Governo do PS não quis reverter.

“Não é verdade que a construção em Alcochete estava decidida em todas as instâncias nacionais, depois de um debate de décadas? Que esse consenso foi rompido com a privatização da ANA (ANA - Aeroportos de Portugal)? Agora chama forças de bloqueio às autarquias e deputados que defendem o interesse nacional”, interrogou.

No debate com o líder comunista, Costa afirmou ainda que, por ele, a decisão política está tomada e é pela opção Montijo, mas deu ainda garantias de que o Governo acatará as decisões técnicas, nomeadamente da Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC).

O projeto do novo aeroporto "também não terá continuidade se for chumbado do ponto de vista de segurança", afirmou o primeiro-ministro.

A construção do aeroporto na Base Aérea n.º 6, entre o Montijo e Alcochete, está em risco porque, segundo a lei, a inexistência do parecer favorável de todos os concelhos afetados “constitui fundamento para indeferimento”.

No entanto, a ANAC não sabe ainda que autarquias têm parecer vinculativo na viabilização do projeto.

Segundo a Declaração de Impacte Ambiental (DIA), emitida em janeiro, cinco municípios comunistas do distrito de Setúbal emitiram um parecer negativo (Moita, Seixal, Sesimbra, Setúbal e Palmela) e quatro autarquias de gestão socialista (Montijo, Alcochete, Barreiro e Almada, no mesmo distrito) deram um parecer positivo.

Para que o aeroporto possa avançar, o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, defendeu no parlamento a alteração da lei, mas o PSD e os partidos à esquerda já se mostraram contra a hipótese.

Em 08 de janeiro de 2019, a ANA e o Estado assinaram o acordo para a expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa, com um investimento de 1,15 mil milhões de euros até 2028 para aumentar o atual aeroporto de Lisboa e transformar a base aérea do Montijo num novo aeroporto.