“Não sabem para onde vão nem para onde nos levam, estão entretidos com questões internas de um primeiro-ministro que quer um lugar em Bruxelas e de seis ministros que querem o lugar do primeiro-ministro”, afirmou Moreira da Silva, referindo-se ao Governo socialista liderado por António Costa.
O antigo vice-presidente do PSD falava no Conselho Nacional da Juventude Social Democrata (JSD), que decorreu em Chaves, distrito de Vila Real, onde antes tinha discursado também o outro candidato à liderança do PSD Luís Montenegro.
“Eu tenho um plano para Portugal e esse plano não é para apresentar daqui a quatro anos, esse plano tem que ser apresentado já por duas razões, porque o PSD tem a obrigação de servir Portugal, não só no Governo, mas também na oposição”, salientou Jorge Moreira da Silva.
O antigo vice-presidente do PSD disse que o país espera do PSD “uma alternativa e não apenas uma operação de desgaste”, e que os portugueses querem “é projeto, propósito, esperança, reforma, inconformismo, solução, serviço, entrega” e que esta é “a capacidade que o PSD tem que ter hoje”.
“Seria um erro sermos táticos agora e termos sentido estratégico mais tarde. Mas, em segundo lugar porque arriscamo-nos a fazer contas de cabeça e as contas saírem furadas”, sustentou.
E questionou “alguém pode garantir nesta sala que a legislatura vai durar quatro anos?”.
“É que eu acho que o senhor Presidente da República quando, na tomada de posse do Governo, diz ao primeiro-ministro que o senhor já sabe se for para Bruxelas eu convoco eleições, não estaria seguramente a ficcionar, o que significa que o PSD deve obviamente considerar que o mais provável é termos eleições só daqui a quatro anos, mas não se pode, de maneira nenhuma, excluir a possibilidade de termos de disputar eleições mais cedo e temos de estar preparados para as disputar”.
Este é também, defendeu, “o momento em que o partido tem que atualizar as suas linhas programáticas”.
“O mundo mudou tanto nos últimos 10 anos que a nossa chave de leitura tem um problema de modernidade, não tem um problema de identidade. Comprometo-me a lançar um processo abrangente de atualização das nossas linhas programáticas que só foram definidas três vezes: com Sá Carneiro em 1974, com Cavaco Silva em 1992 e com Pedro Passos Coelho em 2012”, frisou.
Mas, acrescentou, “não basta mudar o programa”, é preciso mudar “a organização interna” e é preciso dar “mais poder aos militantes, porque o partido é deles, não é dos dirigentes”.
Moreira da Silva quer acabar com “a ideia de um partido instituição que só porque cá está há 48 anos merece cá continuar mais 48, sem perceber que o PSD não pode comportar-se como um incumbente, tem que se comportar como um empreendedor, hoje como foi em 1974”.
“Aquilo que me parece neste momento fundamental é que o PSD escolha uma solução que seja simultaneamente capaz de ser firme na oposição, combativa e enérgica, mas ser suficientemente credível para gerar um movimento de esperança que reconquiste o nosso direito ao futuro e isso faz-se com política, não se faz apenas com retórica”, sublinhou.
As eleições diretas no PSD realizam-se daqui a uma semana, em 28 de maio, e o congresso do partido realizar-se-á de 01 e 03 de julho, no Porto.
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