Charlie sofria de um problema de escassez de ADN mitocondrial, uma doença rara que retira ao corpo a capacidade de dar energia aos músculos, já que afeta as células responsáveis pela produção de energia e respiração.
Uma batalha legal de cinco meses tornou o caso mediático. Os pais da criança queriam levá-lo para os Estados Unidos onde Charlie seria submetido a um tratamento experimental. As autoridades britânicas, porém, não autorizaram a transferência.
Depois de o estado de saúde do bebé se ter deteriorado, os pais lutaram para o levar para casa. Porém, explica o jornal britânico Guardian, a família foi incapaz de encontrar uma equipa de cuidados intensivos disponível 24 horas por dia para o manter vivo. Charlie foi, esta quinta-feira, transferido para um hospício pediátrico, onde acabou por morrer esta sexta-feira, a uma semana de completar o primeiro aniversário.
O caso despertou a atenção de vários países e instituições internacionais, porque os pais de Charlie, Chris Gard e Connie Yates, mantinham uma batalha legal com o centro hospitalar onde o bebé estava internado, porque este não lhes permitiu tirar de lá o filho para ser submetido a um tratamento experimental nos Estados Unidos ou em Itália.
Na segunda-feira, os pais anunciaram que decidiram renunciar à batalha judicial para o manterem com vida, considerando que já era demasiado tarde para o salvar.
"É a coisa mais difícil que alguma vez tivemos de fazer", mas "decidimos deixar partir o nosso filho", declarou na altura, em lágrimas, a mãe da criança, Connie Yates, numa declaração em frente ao Tribunal Superior de Londres.
"Os últimos onze meses foram os melhores e os piores das nossas vidas. Nos só queríamos dar-lhe uma oportunidade de viver", disse a mãe de Charlie, que voltou a apontar o dedo ao hospital por não ter permitido o tratamento experimental.
Charlie sofria de um problema de escassez de ADN mitocondrial, uma doença rara que retira ao corpo a capacidade de dar energia aos músculos, já que afeta as células responsáveis pela produção de energia e respiração.
"Demasiado tempo perdido. Deixamo-lo meses à espera no hospital", considerou também na ocasião o pai, Chris Gard, acrescentando que se o seu filho tivesse feito o tratamento experimental "poderia sobreviver".
A luta judicial começou em abril, quando o hospital londrino de Great Ormond Street tomou a decisão de desligar a ventilação artificial do bebé. Os pais travaram a medida recorrendo à justiça, mas o Tribunal Superior de Londres deu razão aos médicos, uma decisão mais tarde confirmada pelo tribunal de recurso, o Supremo britânico e o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, a 27 de junho.
No entanto, após a mobilização de organizações cristãs e a intervenção direta do Papa Francisco e do Presidente norte-americano, Donald Trump, em favor dos pais, o hospital pediu uma nova audiência no Tribunal Superior, para examinar novos elementos "para um tratamento experimental" em dois hospitais: um nos Estados Unidos e outro em Roma.
Os médicos do hospital de Great Ormond Street continuaram a acreditar que era "injustificado" prolongar o tratamento de Charlie, devido ao agravamento do seu estado.
Entretanto, o bebé sofreu atrofia muscular grave e os danos causados aos seus músculos eram já irreversíveis.
Os pais tinham também pedido ao hospital que deixasse a criança ir morrer a casa, com a família. O hospital também considerou que seria pouco prático aceder a esse pedido.
[Notícia atualizada às 21h23: correção da frase no terceiro parágrafo onde se lia que Charlie Gard faria um ano em 2018]
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