O Nobel da Paz chinês, conhecido pelo seu trabalho pró-democracia que o conduziu à prisão, morreu no hospital aos 61 anos. Liu Xiaobo esteve detido mais de oito anos por "subversão".
Foi o primeiro Prémio Nobel a morrer privado de liberdade desde o pacifista alemão Carl von Ossietzky, que morreu em 1938 num hospital quando estava detido pelos nazis.
Tinha sido noticiado que o Nobel se encontrava em falência respiratória, depois de o hospital informar que o estado de Liu se teria agravado, sofrendo uma infeção abdominal, peritonite, disfunção de órgãos e choque sético.
Liu Xiaobo encontrava-se sob vigilância rigorosa no hospital, junto a um reduzido grupo de familiares, que também estão sob o controlo das autoridades, pelo que não foi possível confirmar a versão oficial.
Condenado em 2009 a uma pena de 11 anos de cadeia por subversão, Liu Xiaobo, 61 anos, e prémio Nobel da Paz 2010, foi colocado em liberdade condicional em meados de junho após lhe ter sido diagnosticado, em maio, um cancro no fígado em fase terminal.
Os últimos exames realizados em Shenyang mostravam que o tumor tinha aumentado de tamanho. Liu sofria ainda de insuficiência renal, de acordo com o hospital, que a 08 de junho, declarou que o doente não podia ser transferido para o estrangeiro, contrariando a vontade de Liu Xiaobo de ser tratado fora da China.
Os médicos norte-americano e alemão que observaram o dissidente chinês tinham pedido que fosse transferido "o mais depressa possível".
Várias organizações de defesa dos direitos humanos e próximas de Liu criticaram Pequim por ter esperado por uma deterioração do estado de saúde para colocar o dissidente em liberdade condicional, mas as autoridades afirmaram que ele estava a ser tratado por médicos especialistas reputados.
Longe de ser um gesto humanitário, a libertação de Liu foi decidida para evitar uma imagem desastrosa para Pequim: a morte de um dissidente famoso atrás das grades, de acordo com a associações de defesa dos direitos humanos.
Liu foi detido em dezembro de 2008 e condenado no ano seguinte a 11 anos de prisão por “incitar à subversão”, após ter ajudado a redigir a Carta 08, um manifesto político que apela a reformas democráticas e ao respeito pelos direitos humanos no país asiático.
Liu Xiaobo foi detido pela primeira vez por ligação aos protestos de 1989 na praça de Tiananmen.
Na altura professor em Pequim, participou em 1989 no movimento pró-democracia da praça Tiananmen, desencadeado pelos estudantes, e foi detido após a repressão violenta do movimento, tendo passado um ano e meio na prisão sem nunca ter sido condenado.
Encarcerado num campo de reeducação "pelo trabalho" entre 1996 e 1999 e afastado da universidade, Liu tornou-se um dos animadores do Centro Independente Pen China, um grupo de escritores.
A China era há muito criticada pelo tratamento dado aos militantes e opositores políticos, mas desde a chegada ao poder do Presidente Xi Jinping, no final de 2012, que a pressão sobre a sociedade civil aumentou.
Em julho de 2015, mais de 200 advogados e defensores dos direitos humanos foram interpelados pela polícia. A maioria foi posteriormente libertada, mas seis foram condenados no ano passado a penas de até sete anos de cadeia.
Os tribunais chineses têm uma taxa de condenações de 99,92% e os inquéritos avançam muitas vezes com base em confissões obtidas sob tortura.
A mulher de Liu Xiaobo continua, desde 2010, sob detenção domiciliária. De acordo com Patrick Poon, da organização Amnistia Internacional, Liu Xia nunca foi acusada formalmente de qualquer crime.
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