“Sinto-me grata por ter podido viver e trabalhar com uma fonte de ideias e criatividade tão extraordinária durante os últimos 18 anos e meio. A sua criação musical era uma fração das ideias que ele tinha num dado dia. A sua influência no mundo da música é incalculável”, escreveu Reg Bloor, colaboradora frequente de Branca e sua mulher.

Segundo a compositora e guitarrista experimental, Glenn Branca viveu “uma vida muito cheia e sem arrependimentos”.

Reg Bloor agradeceu a todos os fãs e músicos pelo apoio e realçou que, segundo os desejos de Branca, não haverá um serviço fúnebre formal.

Glenn Branca nasceu em Harrisburg, no estado norte-americano da Pensilvânia, em 1948, e mudou-se para Nova Iorque aos 28 anos, depois de ter passado por cidades como Boston e Londres.

“Nos últimos 40 anos, o seu trabalho como compositor incluiu música para bandas de rock experimental, grandes instrumentais para guitarras elétricas, 16 sinfonias para instrumentação elétrica e orquestras acústicas, peças para ‘ensemble’, uma ópera, um ballet, trabalhos corais, música para filmes, dança, teatro e instalações”, pode ler-se na biografia disponível no seu ‘site’.

Glenn Branca lançou 14 álbuns e recebeu várias distinções ao longo da carreira pela sua composição musical.

Bloor salientou que “apesar do seu exterior duro, era um homem profundamente carinhoso e fortemente leal”.

Esse exterior era visível em frases como as que disse numa entrevista publicada pela The Quietus, em 2012, quando afirmou que a improvisação musical contemporânea soava a “muitas pessoas a masturbarem-se” ou quando se mostrou sem paciência para a eletrónica que é feita hoje: “O verdadeiro compositor é o tipo que inventou o instrumento ou o programa de computador ou seja lá o que for. Foram eles que escreveram a música. O tipo que está ali sentado a carregar nos botões não é o tipo que merece o crédito pela criação do som”.

“Durante mais de meio século temos visto avanços incríveis na tecnologia sonora, mas poucos – se é que houve alguns – na qualidade da música. Neste caso, a mudança de paradigma pode não ser uma mudança, mas uma paragem. Será que as pessoas não querem ouvir nada de novo? Ou será que compositores e músicos engoliram a frase de que nada de novo pode ser feito”, questionava-se Branca, em 2009, num ensaio para o New York Times intitulado “O fim da música”.

Num texto com cinco parágrafos, Branca colocava mais questões: “Porquê fazer [coisas novas]? Porquê fazer o que quer que seja novo? Para quê incomodar-nos para fazer alguma mudança ou progresso desde que tenhamos ‘crescimento’? Pergunto-me se isto é de facto o novo paradigma. Pergunto-me se a nova música é apenas a velha música outra vez. E se, de facto, isso significaria o fim da música”.

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