"Depois de 92 anos de uma vida dedicada a aplaudir, a mascote dos Jogos Olímpicos partiu para um repouso eterno a 9 de março de 2019", lê-se numa mensagem de um website online administrado por uma empresa fundada pelo ex-empresário, entretanto reformado, citada pela agência Reuters.
A sua morte, contudo, foi apenas noticiada hoje de manhã, tendo a emissora japonesa NHK confirmado que Yamada morreu de ataque cardíaco.
Conhecido no país por ser o "Olympic ojiisan", ou "Avô Olímpico", o ex-empresário era facilmente identificável no meio do público com o seu chapéu dourado, bandeiras e quimonos ou casacos de apoio ao Japão, tornando-se conhecido por telespetadores de todo mundo.
Nascido em 1926, Yamada construiu a sua fortuna no setor de cabos de aço e, depois, na hotelaria e imobiliário. O seu sucesso empresarial permitiu-lhe comparecer a todas as edições dos Jogos Olímpicos de verão desde Tóquio-64, contabilizando Cidade do México, Munique, Montreal, Moscovo, Los Angeles, Seoul, Barcelona, Atlanta, Sydney, Atenas, Pequim, Londres e Rio de Janeiro. Para além dos jogos de verão, o japonês assistiu também à edição de inverno de 1968, organizado em Nagano, no seu país natal.
Numa entrevista dada à mesma agência em outubro de 2018, Yamada disse que queria viver tempo suficiente para que pudesse assistir à edição de 2020, que volta a ser organizada em Tóquio. "Vai ser a culminação de todos os anos em que aplaudi os Jogos Olímpicos" disse.
Segundo o jornal The Japan Times, apesar da sua edição de estreia ter sido a de Tóquio em 1964 - tinha então 38 anos -, a edição que lhe fez despertar o amor pelos Jogos Olímpicos deu-se quatro anos depois, na Cidade do México.
Foi nesses jogos em que o seu perfil começou a tornar-se mediático, captando as atenções do público ao torcer por um corredor de fundo mexicano numa prova de 5000 metros, confundindo-o com um atleta japonês. Os mexicanos, com resposta, começaram a apoiar os desportistas japoneses, podendo ler-se no website de Yamada que o mesmo "viu o poder incrível dos aplausos, e ficou por eles hipnotizado desde então".
No entanto, na mesma conversa com a Reuters, Yamada disse ser para si impossível escolher uma edição favorita, comparando-as a escolher lápis de cera de diferentes cores, considerando que "cada um tem as suas características" e que cada edição dos jogos foi "fascinante".
Havia, no entanto, uma característica presente em todos os jogos que, para Yamada, era a mais importante: o seu caráter universal. "Os Jogos Olímpicos são o único festival internacional para toda a humanidade", disse.
O japonês foi colecionando souvenirs ao longo dos anos, muitas vezes através de trocas com outros fãs. O seu espólio de bandeiras, selos, fotografias e outra memorabilia estão expostos numa galeria em Nanto, a sua cidade natal.
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