"As Éditions La Découverte receberam com pesar a notícia do falecimento de Bruno Latour esta noite em Paris. Todos os nossos pensamentos estão com a sua família", escreveu a editora num comunicado enviado à AFP.

Após o anúncio da morte daquele que foi descrito pelo The New York Times em 2018 como o "mais famoso e incompreendido dos filósofos franceses", seguiram-se as reações.

O presidente francês, Emmanuel Macron, elogiou no Twitter "um espírito humanista e plural, reconhecido em todo o mundo antes de ser reconhecido em França".

Latour nasceu em 22 de junho de 1947 numa família de comerciantes de vinho em Beaune, no centro-leste da França.

Formou-se em filosofia e antropologia. Latour começou por lecionar em escolas de engenharia em França, mas também no estrangeiro, principalmente na Alemanha e nos Estados Unidos, onde foi professor visitante em Harvard.

Latour foi um dos primeiros intelectuais a perceber a importância do pensamento ecológico. No entanto, foi reconhecido acima de tudo no mundo anglo-saxão e vários dos seus trabalhos foram publicados pela primeira vez em inglês.

O conjunto da sua obra recebeu o Prémio Holberg em 2013 e o Prémio Kyoto em 2021. Foi considerado "criativo, bem-humorado e imprevisível", segundo o júri do Holberg, que premeia obras nas Ciências Sociais.

Do seu corpus de trabalho constam obras com "La fabrique du droit. Une ethnographie du Conseil d'état", "La Vie de laboratoire", "Nous n'avons jamais été modernes", "Les Microbes. Guerre et paix" (sur Louis Pasteur) e "Où suis-je ?", este último escrito durante a pandemia de covid-19.

O intelectual interessava-se, entre outros temas, por questões de gestão e organização de investigação e, em geral, pela forma como a sociedade produz valores e verdades.

Em 2021, Latour disse à AFP que as mudanças climáticas e a crise da pandemia revelaram uma luta entre "classes geossociais".  "O capitalismo cavou a sua própria sepultura. Agora, trata-se de repará-la", disse ele.

O intelectual resumiu o seu trabalho para o público em geral em algumas das suas obras e ampliou o seu público com ensaios sobre política.

Latour foi um dos idealizadores da teoria, nova na sociologia, do "ator-rede" que leva em conta, para além dos humanos, objetos (ou "não-humanos") e discursos, sendo estes também considerados "atores".

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