O mestre do teatro, nascido no Reino Unido mas que fez grande parte da carreira em França, à frente do seu teatro parisiense ´Les Bouffes du Nord´, reinventou a arte da encenação, privilegiando formas depuradas em vez de cenários tradicionais.
Nascido em Londres a 21 de março de 1925, este filho de imigrantes lituanos judeus assinou a sua primeira produção aos 17 anos.
Durante a sua carreira, liderou também importantes instituições como o Royal Opera House de Covent Garden e o Royal Shakespeare Theatre, assim como o Centro Internacional de Criações Teatrais (CICT).
Foi no final dos anos 60, após dezenas de sucessos, entre os quais várias peças de Shakespeare, e depois ter dirigido os melhores - de Laurence Olivier a Orson Welles -, que decidiu instalar-se em França, onde iniciou o período experimental marcado pela teoria do "espaço vazio".
"Posso pegar em qualquer espaço vazio e chamá-lo de palco. Alguém atravessa esse espaço vazio enquanto outro assiste, e isso é o suficiente para começar o ato teatral": essas famosas primeiras linhas tornaram-se um "manifesto" para um teatro alternativo e experimental.
Foi também em França que encenou peças monumentais, pautadas pelo exotismo e com atores de diferentes culturas.
A peça mais conhecida é "O Mahabharata", epopeia de nove horas da mitologia hindu, adaptada ao cinema em 1989.
Nos anos 90, triunfou no Reino Unido com "Lindos Dias", de Samuel Beckett. Os críticos saudaram-no com um "melhor encenador Londres não tem".
Após uma aventura de mais de 35 anos no 'Bouffes du Nord', Peter Brook deixou a direção do teatro em 2010, aos 85 anos, tendo continuado a encenar produções até recentemente.
"Durante toda a minha vida, a única coisa que sempre contou, e é por isso que trabalho no teatro, é o que vive diretamente no presente", disse à AFP na ocasião.
O carismático diretor sofreu um grande revés em 2015 com a morte da sua esposa, a atriz Natasha Parry. "Tentámos negociar com o destino dizendo: 'Traga-a de volta por apenas 30 segundos...'"
Em 2019, Peter Brook foi galardoado na Espanha com o Prémio Princesa das Astúrias das Artes, na condição de "mestre de gerações".
"Considerado o melhor diretor teatral do século XX", Brook "abriu novos horizontes na dramaturgia contemporânea, ao contribuir decisivamente para a troca de conhecimentos entre culturas tão diferentes como as da Europa, África e Ásia", afirmou o júri ao fundamentar a sua decisão.
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