Mariana Mortágua falava aos jornalistas no concelho da Ribeira Brava, na Madeira, no âmbito de uma visita a algumas das zonas afetadas pelo incêndio que lavrou na região durante 13 dias.
“Tudo falhou nos incêndios. Falhou a prevenção, nós sabemos que a Madeira tem condições muito particulares do seu terreno, das suas condições climatéricas […], e a verdade é que não houve prevenção no território, não há qualquer tipo de gestão florestal para evitar estes incêndios”, afirmou.
A coordenadora bloquista acrescentou que o Governo Regional (PSD) não incluiu a Madeira “no plano nacional de combate a incêndios, o que quer dizer que nem podem ser acionados meios nacionais de forma imediata quando há um incêndio”.
“E mesmo depois de o incêndio ter começado, o Governo Regional recusou meios da República. Tudo isto atrasou o combate e dificultou a resposta, colocando em risco vidas, casas e também uma parte deste território”, apontou.
Mariana Mortágua realçou que o presidente do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, tem responsabilidades políticas nesta matéria, defendendo que “abandonou a população enquanto passava férias no Porto Santo”.
“Acho que nunca vimos um presidente e um responsável político de um governo que abandona o seu povo perante o maior desastre que podemos ter, que é um incêndio à porta de casa, que não aciona os meios que são necessários, que não faz a prevenção do território e que, portanto, fica à espera da sorte e do que pode vir a acontecer”, disse.
“É muito importante que possamos tirar responsabilidades políticas e essas responsabilidades políticas são de Miguel Albuquerque, mas são também dos partidos que apoiam o PSD aqui na Região Autónoma da Madeira, o Chega, a Iniciativa Liberal, o PAN e o CDS”, considerou.
No entender da bloquista, “Miguel Albuquerque não tem quaisquer condições para presidir ao Governo Regional da Madeira, nem o PSD tem condições para fazer esse trabalho e isso não tem só a ver com a gestão dos incêndios, [mas] também tem a ver com a gestão dos incêndios”.
“A sobranceria, a arrogância, o desrespeito que Miguel Albuquerque mostrou pelo povo da Madeira foi de tal ordem que é inconcebível a ideia que se mantenha como presidente do Governo Regional como se nada acontecesse. As falhas no combate ao incêndio, na prevenção, foram tão grosseiras que é inconcebível que nada aconteça na composição do governo e nos responsáveis políticos”, reforçou.
A coordenadora do BE salientou também que é necessário reforçar os meios de combate ao incêndio, indicando que o Bloco voltará a apresentar, no âmbito do Orçamento do Estado para 2025, uma proposta para que a Madeira possa dispor de um segundo helicóptero para esse efeito.
O Serviço Regional de Proteção Civil dispõe atualmente de um meio aéreo, custeado pelo Governo Regional. O BE propõe que possa ter mais um, ambos assumidos pela República.
A coordenadora do BE/Madeira, partido que perdeu a representação no parlamento madeirense nas últimas eleições, também considerou que o Governo Regional foi “irresponsável na gestão do incêndio” e “negligente na prevenção”.
Dina Letra desafiou os partidos da oposição na Assembleia Legislativa a pedir “consequências políticas sérias”, admitindo que “uma moção de censura devia de estar em cima da mesa”.
O incêndio rural na ilha da Madeira deflagrou em 14 de agosto nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e Santana. No dia 26, ao fim de 13 dias, a Proteção Civil regional indicou que o fogo estava “totalmente extinto”.
Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais apontam para mais de 5.104 hectares de área ardida, embora as autoridades regionais tenham sinalizado 5.116.
No âmbito da investigação judicial, foi já constituído um arguido.
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