A greve das mulheres em Espanha, "no fundo, é também um 'show-off' muito grande, ao qual os meios de comunicação social têm dado uma grande importância". "Achamos que elas têm a suas razões para fazer isso, mas nós, em Portugal, não [temos] razões ainda para fazer isso. E porquê? Só metade das mulheres é que são trabalhadoras e têm de fazer greve por razões laborais e não por outras questões", disse à Lusa Regina Marques, da direção e do secretariado nacional do MDM.

Regina Marques falava hoje no início de uma marcha em Lisboa, integrada na Manifestação Nacional das Mulheres, convocada pela organização, por motivo do 08 de março, Dia Internacional da Mulher.

Na quinta-feira, 08 de março, as mulheres espanholas fizeram uma greve feminista inédita - paralelamente a 120 manifestações, um pouco por todo o país - que teve efeitos nos meios de comunicação social (com páginas em branco, onde deveriam estar artigos das jornalistas que aderiram ao protesto), nas escolas, hospitais e nos serviços de transporte.

Dez sindicatos espanhóis aderiram à greve, embora dois dos mais relevantes tenham pedido aos seus membros para limitarem os protestos a uma paralisação de duas horas.

Mais de 10.000 pessoas concentraram-se na Praça Cibeles, no centro de Madrid, para uma manifestação com o lema “Vivas, livres e unidas pela igualdade”. Os sindicatos classificaram como “um êxito rotundo” dia de “greve feminista”.

Questionada sobre se a visibilidade do protesto em Espanha poderia levar o MDM a tentar fazer um igual, ainda que à dimensão portuguesa, Regina Marques respondeu negativamente.

"A greve é algo que está instituído para quem trabalha. Uma mulher que não trabalha, não faz greve. Quem é o patrão que se vai sentir incomodado com essa greve? Portanto a greve é uma questão laboral (...). Uma reformada faz greve contra quem?", insistiu a dirigente.

A paralisação de 08 de março foi convocada em mais de 170 países, incluindo Portugal. No entanto, em Portugal, apenas o Bloco de Esquerda apoiou o protesto.

Regina Marques também considerou que "a questão da greve ao sexo" retira atenção aos problemas laborais, o principal tema para o MDM.

"E essa questão da greve ao sexo, que é hoje muito elogiada, nós não partilhamos dessa ideia. Porque não desprestigiamos as lutas do trabalho. O trabalho tem de ter valor, e o trabalho das mulheres também. É por isso que não fazemos greve de forma indiferenciada", concluiu.

A marcha do MDM hoje, em Lisboa, reuniu alguns milhares de mulheres e homens, de todas a idades, que fizeram um percurso a pé, em protesto, entre os Restauradores e a Praça do Município.

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