Se por um lado se confirma esta terça-feira que a produção de azeite ultrapassou os 1,75 milhões de hectolitros em 2023, o que corresponde à segunda campanha oleícola mais produtiva de sempre a campanha dos cereais para grão foi a pior de sempre devido à seca, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Quanto ao cereais, esta foi a pior campanha de sempre para todas as espécies cerealíferas, de acordo com as Estatísticas Agrícolas de 2023 elaboradas, devido aos decréscimos de áreas (exceto cevada) e de produtividades.
A precipitação acumulada no outono/inverno possibilitou alguma recuperação dos níveis de armazenamento das albufeiras e regadios privados, permitindo que a campanha de regadio decorresse com normalidade.
Apesar de dificuldades pontuais de escoamento e armazenamento do milho para grão, devido à concentração das colheitas antes das chuvas, registou-se um aumento de produção de 7%, face a 2022.
A produção de arroz, por sua vez, registou um crescimento de 15% em resultado dos aumentos de área e, sobretudo, de produtividade.
O instituto de estatística refere também que a área de tomate para a indústria foi de 17,2 mil hectares (+13%) e a produção de 1,69 milhões de toneladas (+19%), posicionando esta campanha como a segunda mais produtiva.
Já a produção de maçã foi semelhante à de 2022, embora a região do Oeste tenha registado um decréscimo de 15%.
Em contrapartida, a produção em Trás-os-Montes aumentou cerca de 8%, tendo parte da produção sido desviada para a indústria.
Quanto à pera, a produção caiu pelo segundo ano consecutivo (-11%, face a 2022), sendo a pior campanha desde 2012 devido as condições meteorológicas adversas.
“A intensificação do fogo bacteriano tem exercido uma pressão acrescida sobre o setor, obrigando ao arranque e abandono de muitos pomares nas zonas afetadas”, sublinha o instituto.
Em termos de frutas, a produção de cereja foi de 11,8 mil toneladas, o que corresponde a menos de metade da alcançada em 2022.
Os pomares foram fortemente afetados pelas condições climatéricas adversas que condicionaram todo o ciclo, desde a diferenciação floral, floração e vingamento do fruto até à maturação, lê-se no comunicado.
Já a produção de kiwi caiu 8%, mas a qualidade dos frutos foi muito boa, evidenciando calibres regulares, com reflexo positivo nos preços.
Com exceção do limão, os citrinos apresentaram uma redução significativa das produções, explicada pela boa produção do ano anterior e pela seca severa, nomeadamente no Algarve, onde houve restrições na utilização de água para rega.
Nas variedades de laranja tardias, o decréscimo foi da ordem dos 50%, contribuindo decisivamente para a diminuição global de 26%.
Pelo terceiro ano consecutivo a produção de castanha, por sua vez, foi condicionada por problemas fitossanitários, agravados pelas secas, com impacto na qualidade e quantidade da produção global colhida, que foi inferior em um terço face à média do último quinquénio, conclui o INE.
Já no caso do azeite, as Estatísticas Agrícolas de 2023, do INE indicam, que a produção ultrapassou os 1,75 milhões de hectolitros em 2023, o que corresponde à segunda campanha oleícola mais produtiva de sempre.
O elevado teor de humidade das azeitonas dificultou, no entanto, a extração de azeite, o que resultou numa funda [rendimento da azeitona no lagar] menor.
Por regiões, o Alentejo representou 1,47 milhões dos 1,75 milhões de hectolitros de produção de azeite, com os dados a indicarem que a produção de azeitona para azeite nesta região totalizou 972.357 toneladas (de um total de 1.755.290 toneladas em todo o país).
Em 2023, havia 374.334 hectares dedicados à produção de azeitonas para azeite, dos quais 201.422 hectares no Alentejo, seguindo-se a região Norte com 80.284 hectares.
Os dados hoje divulgados referem ainda que o grau de auto-aprovisionamento do azeite em 2022 foi de 198,6% (98,6 pontos percentuais acima da autossuficiência), ficando 66,2 p.p. abaixo do valor apresentado em 2021.
O país bateu o recorde do grau de auto-aprovisionamento em 2021, tendo registado o valor mais elevado de toda a série disponível.
O ano de 2023 foi marcado por uma acentuada subida do preço do azeite junto dos consumidores.
De acordo com estimativas do INE divulgadas no final do ano passado nas “Contas Económicas da Agricultura – 2023", o preço do azeite aumentou quase 70% em 2023, sendo esta subida atribuída à produção “extraordinariamente baixa” da campanha anterior, à redução “acentuada” dos ‘stocks’ e à quebra da produção em Espanha.
Também bem português, a produção de vinho atingiu os 7,4 milhões de hectolitros em 2023, o que corresponde ao resultado mais alto desde 2001.
A produção de vinho aumentou em quase todas as regiões do país, com os vinhos a apresentaram, de um modo geral, uma "estrutura complexa e equilíbrio entre o teor alcoólico, a acidez e os taninos".
Os dados hoje divulgados indicam também que o grau de auto-aprovisionamento do vinho se fixou em 108,9% na campanha de 2022/2023, abaixo dos 112,4% registados em 2021/2022.
Já a produção vinícola registou um decréscimo de 6,9% face à campanha anterior, agravada pela redução de 20,2% das importações.
O consumo de vinho decresceu 9,2%, "particularmente no que respeita aos vinhos sem certificação", refere a autoridade estatística nacional.
As estatísticas agrícolas indicam que na campanha 2022/2023 se verificou também uma diminuição significativa das exportações de vinho (-25,9%).
A indústria das bebidas faturou 3,7 mil milhões de euros em 2023, mais 166 milhões de euros do que em 2022, tendo a "indústria do vinho" contribuído com 49,5% do total do valor das vendas (51,9% em 2022).
*Com Lusa
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