O episódio deu-se à saída de Albufeira, quando Raquel Duarte se dirigia de carro, acompanhada por um amigo, em direção a Portimão. A mulher — que relatou o caso numa publicação na sua conta de Instagram — diz que foi mandada parar por uma viatura da Guarda Nacional Republicana (GNR) quando se preparava para entrar na auto-estrada.

Considerando que “não tinha procedido em nenhum momento de forma incorreta”, a mulher começou a encostar o veículo à direita para deixar a viatura passar, julgando que não era ela a visada pela ação policial.

Após ouvir “um estouro” daquilo que supôs ser uma arma, olhou para o lado e viu o carro da GNR com um guarda a gritar e a mandá-la encostar. “Automaticamente parei e os mesmos pararam à minha frente, vindo a correr na minha direção, com uma arma. Eu, assustada, levantei as mãos no ar e perguntei o que se passava. O agente gritou comigo e mandou-me sair do carro”, conta no seu relato.

“Assim que estava a sair do carro, o agente abriu a porta e, agarrando-me pela cabeça, atirou-me para o chão e começou a espancar-me. Entre socos e pontapés, perdi a noção da quantidade”, escreveu Raquel Duarte, citada pelo semanário Expresso.

Após esta ação, a mulher diz ter perguntado o porquê da detenção e das agressões, não obtendo resposta. Ao invés, o guarda algemou e pontapeou-a novamente, levando-a de seguida para a viatura da GNR, seguindo para o posto. Nesse local, Raquel Duarte diz ter sido vítima de mais violência física.

“Estava logicamente nervosa e incrédula, pedi então se podia ir fumar um cigarro à porta enquanto aguardava, obviamente [o guarda] não aprovou e, quando perguntei o porquê, disse-me: ‘vais estar caladinha, quem manda aqui sou eu, vais fazer tudo o que eu te mandar senão vais passar aqui a noite e quem vai estar aqui contigo sou eu, por isso pensa bem’”, continua na publicação.

Após passar a noite no posto, foi apresentada a tribunal, onde soube que foi detida por circular sem as luzes traseiras do carro, sendo constituída arguida por resistência à autoridade e condução perigosa. Raquel Duarte nega todas as acusações, dizendo que foi agredida antes sequer de ter a oportunidade de resistir e garantindo ter testemunhas que comprovam que tinha as luzes em funcionamento.

Perante estas alegações, a GNR enviou um esclarecimento por escrito ao Expresso, confirmando que “uma patrulha do Comando Territorial de Faro abordou a senhora em questão porque circulava sem as luzes traseiras do veículo, colocando-se a si e aos demais utentes da via em perigo”.

Segundo a versão da GNR, a mulher ”continuamente desobedeceu às ordens de paragem dos militares, mesmo após vários avisos sonoros” após “várias tentativas de fazer cessar a marcha” e “ acabou por ser detida por desobediência ao ter recusado efetuar o teste de ar expirado para apurar presença de álcool no sangue e por ter injuriado os elementos da patrulha”.

A fonte da GNR, todavia, não esclareceu se houve agressões por parte do guarda no local ou se este utilizou a arma de serviço. “Não é oportuno prestar quaisquer esclarecimentos adicionais sobre o assunto em apreço”, foi a resposta, não tendo também sido explicado se foi aberto algum inquérito quanto ao caso.