“Eu não sei o que vai acontecer em Portugal nos próximos anos, mas hoje é dos países mais evoluídos democraticamente na Europa, portanto uma relação deste Governo, ou de outro qualquer em Portugal, com o Brasil com Bolsonaro [que lidera as intenções de voto das eleições presidenciais brasileiras marcadas para outubro] no poder terá de ser necessariamente má”, afirmou Murteira Nabo, ex-ministro de executivos do Partido Socialista e ex-presidente da Portugal Telecom, em entrevista à Lusa.

O agora presidente da CCILB diz estar “muito preocupado com o Brasil em termos políticos”, mas também em termos económicos, pelo que defende que os candidatos às presidenciais brasileiras com algumas afinidades políticas se deveriam juntar, para fazer convergir votos e evitar uma eleição de Jair Bolsonaro.

“Acho que seria bom que os candidatos à presidência do Brasil, que têm alguma afinidade se juntassem e evitassem a vitória do Bolsonaro, porque se este ganhar é um desastre para a América Latina e para o Brasil”, defendeu.

Considerando que o risco do candidato da extrema-direita vencer no Brasil tem a ver com a dispersão dos votos, Murteira Nabo, refere que qualquer dos candidatos de centro-esquerda a “ganharem a liderança” podem permitir “uma solução combinada de sustentabilidade e distribuição de riqueza”, que o Brasil precisa.

Bolsonaro no poder “seria um perigo, é a vitória do nacionalismo. Já há ‘bolsonaros’ noutros países da América Latina e se a gente deixa que os líderes nacionalistas se espalhem por toda a América Latina é o fim da América Latina”, afirmou.

O presidente da comissão executiva da CCILB lembra uma “época de grande prosperidade do Brasil, que foi a do Presidente Fernando Henrique Cardoso”: “Instalou uma grande estabilidade no país, que permitiu que ele crescesse”.

Hoje, considera, o Brasil vive uma situação de “insegurança e de instabilidade política tal, que já tem efeitos na economia”.

“O Brasil já (…) não está a crescer. O comércio externo, que era superavitário, passou a deficitário este ano, o desemprego é de 12% e a insegurança é brutal”, afirma.

Portanto, considera, “ou o Brasil consegue alcançar uma situação estável que garanta que o país pode voltar a ser encarado como um sítio onde as pessoas podem voltar a trabalhar ou a investir, ou “o Brasil vai continuar nesta situação, muito grave, que poderá levar, infelizmente, a (…) um regime autoritário”.

Na opinião do ex-ministro de governos socialistas, “era preciso que o Presidente eleito e o Governo futuro garantissem duas coisas: sustentabilidade económica simultaneamente com uma política de distribuição de riqueza grande. Na Europa isso chama-se social democracia tipo nórdica”.

Acrescenta que os países emergentes, dentro de 30 anos, vão representar 50% do Produto Interno Bruto mundial e os dos ocidente cerca de 20%, pelo que o tempo é de mudança: “Vai inverter-se a tendência atual. E na economia de blocos, o bloco que tem maior potencial de desenvolvimento e crescimento é o da América Latina”, conclui.

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