A obra, datada de 1987, e de nome Rue Saint-Honoré à Tarde, Efeito da Chuva', foi moeda de troca, em 1939, durante a opressão nazi em França. Lilly Cassirer Neubauernessa, dona do quadro Pissarro na altura, foi informada que teria de entregar o quadro de forma a obter um visto de saída. Segundo os seus herdeiros, Cassirer passou anos à procura da obra. Em 1958, aceitou uma indemnização do governo alemão, mas não renunciou ao seu direito de recuperar o quadro.

O quadro mudou várias vezes de mãos antes de ser comprado pelo Barão Hans Heinrich Thyssen-Bornemisza. Em 1993, passou para Espanha, quando uma fundação sem fins lucrativos apoiada pelo Estado pagou ao barão cerca de 338 milhões de dólares por grande parte da sua coleção, para ser instalada num museu com o seu nome.

No início do século XIX, o neto de Cassierer descobriu a obra nesse museu, localizado na capital espanhola. A partir daí, a família tem estado num batalha com a justiça, para fazer regressar o quadro, que hoje em dia tem um valor estimado de 30 milhões de dólares.

Em primeira instância, o tribunal federal considerou a lei espanhola que define propriedade como seis anos de posse ininterrupta, mas a família não desistiu, recorrendo aos tribunais novamente, através de um veredicto de onze juízes.

Assim sendo, apesar da decisão unânime dos onze juízes do tribunal em Pasadena em manter o quadro em Espanha, uma das juízas afirmou, num parecer separado, que esperava que Espanha devolvesse voluntariamente a obra de arte à família.

"Por vezes, os nossos juramentos e a apreciação do nosso papel como juízes o exigem que concordemos com um resultado que está em desacordo com a nossa bússola moral", afirmou a juíza Consuelo Callahan.

Em Espanha, o diretor do museu, Evelio Acevedo, afirmou que a decisão "são boas notícias. A boa fé na aquisição do quadro pela instituição é algo que queríamos demonstrar desde o início".